terça-feira, 12 de outubro de 2010

Pai, entrego a todos!

"Só o Amor abre as portas das ilhas da dor e do silêncio das asas dos que voam nos átrios do Pai.


Pai, entrego a todos nas tuas mãos. Tu sabes embalar as suas almas que esperam o teu beijo, cuida delas.

Ao caminhar por entre os vales das lágrimas recolhidas nos rostos tristes dos que caminham, sinto a alma refrescar a sede da ausência do AMOR do Pai.

Sede Santos como Eu sou Santo, aí está a resposta e a oferta do pai: a SANTIDADE ao alcance de todos sem exceção.

A Santidade é a marca dos filhos reais do Pai.

A flor não nasce antes da planta que a germina, assim é a Palavra do Pai. Sim, colhe lentamente o sabor do fruto e será um alimento forte para a tua alma.

O Pai apenas bate à porta do coração, jamais força a abertura. São as tuas mãos que tem que encontrar a força e a coragem para o abrir ao desconhecido eterno.

Ao caminhar, Pai, através do vale da dor e da alegria, estende os teus braços e abre as tuas mãos para que as tuas brisas de ESPERANÇA molhem todo o nosso ser e refresquem a nossa alma seca pelos ventos dos desertos.

Pai entrego a todos nas tuas mãos. Tu sabes embalar as tuas almas que esperam o teu beijo, cuida de todas.


Sanctus, Sanctus, Sanctus!

Salve Regina!"

Irmão Silêncio, Monge Trapista

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Entrega ao Sagrado Coração de Jesus



“Me entrego e consagro ao Sagrado Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo, minha pessoa e vida, ações, dores e sofrimentos, para que utilize meu corpo somente para honrar, amar e glorificar ao Sagrado Coração.Este é meu propósito definitivo, único, ser todo d'Ele, e fazer tudo por amor a Ele, e ao mesmo tempo renunciar com todo o meu coração qualquer coisa que não lhe compraz, além de tomar-te, Ó Sagrado Coração, para que sejas ele o único objeto de meu amor, o guardião de minha vida, meu seguro de salvação, o remédio para minhas fraquezas e inconstância, a solução aos erros de minha vida e meu refúgio seguro à hora da morte.Seja, Ó Coração de Bondade, meu intercessor ante Deus Pai, e livra-me de sua sabia ira. Ó Coração de amor, ponho toda minha confiança em ti, temo minhas fraquezas e falhas, mas tenho esperança em tua Divindade e Bondade.Tira de mim tudo o que está mal e tudo o que provoque que não faça tua santa vontade, permite a teu amor puro que se imprima no mais profundo de meu coração, para que eu não me esqueça nem me separe de ti.Que eu obtenha de tua amada bondade a graça de ter meu nome escrito em teu Coração, para depositar em ti toda minha felicidade e glória, viver e morrer em tua bondade. Amém”.


Santa Margarida Maria Alacoque - Diário Espiritual

O Santo Espírito nos une á Cristo


“É necessário seguir Cristo, é necessário aderir a Ele, não O devemos abandonar até à morte.Como dizia Eliseu ao seu mestre: «Pelo Deus vivo e pela tua vida, juro que não te deixarei» (2R 2,2). Então, sigamos Cristo e unamo-nos a Ele! «A felicidade é estar perto de Deus» diz o salmista (Sl 72,28). «A minha alma está unida a Ti, a Tua mão direita me sustenta» (Sl 62,9). E São Paulo acrescenta: «Quem se une ao Senhor, forma com Ele um só espírito» (1Cor 6,17). Não apenas um só corpo, mas também um só espírito.Do Espírito de Cristo, todo o seu corpo vive; pelo corpo de Cristo, chegamos ao Espírito de Cristo. Por conseguinte, permanece pela fé no corpo Cristo e um dia serás um só espírito com Ele. Pela fé, estás desde já unido ao seu Corpo; pela visão, também serás unido ao seu Espírito. Não é que no alto vejamos sem o corpo, mas os nossos corpos serão espirituais (1Cor 15,44).«Para que todos sejam um só, como Tu, Pai, estás em Mim e Eu em Ti; para que assim eles estejam em Nós e o mundo creia»: eis a união pela fé. E mais adiante pede: «que eles cheguem à perfeição da unidade e assim o mundo reconheça»: eis a união pela visão.Eis o modo de nos alimentarmos espiritualmente do Corpo de Cristo: ter n'Ele uma fé pura, procurar sempre, através da meditação assídua, o conteúdo desta fé, encontrar o que procuramos pela inteligência, amar ardentemente o objeto da nossa descoberta, imitar na medida do possível Aquele que amamos; e, imitando-o, aderir a Ele constantemente para chegarmos à união eterna”.


Guigues de Chartres, o CartuxoPrior da Grande CartuxaMéditation 10 (trad. SC 163, p. 187)

A luz de Cristo


“A fim de receber no coração a Luz de Cristo, é preciso, tanto quanto possível, desligar-se de todos os objetos visíveis. Tendo antes purificado a alma pela contrição e as boas obras, e cheios de fé em Cristo Crucificado, tendo fechado os olhos de carne, o homem deve mergulhar o espírito no coração para chamar o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo; então, na medida de sua assiduidade e fervor para com o Bem Amado, ele encontra no Nome invocado consolo e doçura, o que o incita a buscar um conhecimento mais elevado.Quando por meio de tais exercícios o espírito se enraíza no coração, a Luz de Cristo vem brilhar no interior, iluminando a alma com sua divina claridade, como diz o profeta Malaquias: ‘Mas para vós, que temeis seu Nome, o sol de justiça brilhará, que tem a cura em seus raios’ (Mal. l 3:20). Esta luz é também a vida, segundo a Palavra do Evangelho ‘De todo ser Ele era a vida, e a vida era a luz dos homens’ (João 1:4).Quando o homem contempla dentro de si esta Luz eterna, ele esquece tudo o que é carnal, esquece-se a si mesmo e deseja se esconder nas profundezas da terra para não ser privado deste Bem único, Deus”.São Serafim de Sarov Extrato das “Instruções Espirituais”Saint Séraphim – l’Ange de SarovPar Valentine Zander – Editions Bénédictines

São João da Cruz e a subida ao monte carmelo


« São João da Cruz e a Subida do Monte Carmelo»São João da Cruz, o grande místico e poeta espanhol, nasceu em Fontiveros, nas proximidades de Ávila, na Espanha, no ano de 1542. Filho de pais pobres e tendo ele mesmo conhecido prematuramente a orfandade paterna, a fome e as demais inseguranças que atingiam os pobres de sua época, soube transformar todo esse “material humano” em húmus fertilíssimo do qual brotou toda a sua obra e espiritualidade, lida e cultivada em todos os recantos do mundo.Apropriando-se de símbolos mais do que expressivos, o santo espanhol expressa a relação do ser humano com Deus, ou a tentativa dessa relação-aproximação, por meio de elementos da natureza, entre outros:A NOITE ( NOITE ESCURA),O FOGO (CHAMA VIVA DE AMOR),A ÁQUA (CÂNTICO ESPIRITUAL),O MONTE (SUBIDA DO MONTE CARMELO)Homem de grande sensibilidade, abertura de coração e generosidade, João da Cruz soube apoderar-se do melhor da literatura e da mística de sua época, produzindo assim uma obra ímpar e insubstituível. Mantendo os pés bem plantados na realidade castelhana de seu tempo, sorveu dos versos populares, da literatura de cordel, dos cantores de feiras e mercados, o estilo com o qual plasmou seus versos e sonetos.Uma de suas obras mais densas é, sem dúvida alguma, a Subida do Monte Carmelo. Nesta obra o autor vai comentando e descrevendo, parte por parte, qual o itinerário que o ser humano deve percorrer para chegar a Deus. A Subida ao Monte é a meta principal e final da perfeição, sabendo-se que para atingir-se tal finalidade, o ser humano deverá passar por situações de escuridão, trevas, privações... É o caminho árduo proposto pelo místico espanhol, que não engana com facilidades aquelas pessoas que queiram verdadeiramente fazer uma profunda experiência de Deus.Nenhum viajante, ao partir, carrega uma mochila pesada demais, porque senão as suas forças poderiam faltar-lhe brevemente. Ainda mais quando alguém se propõe a subir uma montanha, deve mais ainda, tornar-se leve e ágil para a escalada, sabendo que o excesso de “coisas”que leva consigo, podem tornar-se empecilho para a missão.Pensamentos, sentimentos, gostos próprios, são exemplos das “coisas” que podem dificultar nossa ascensão ao cume do monte da perfeição. Daí a necessidade do esvaziamento do “negar-se a si mesmo” – ‘quem não renunciar a si mesmo...’ – para se chegar ao TUDO QUE É DEUS.A caridade, como nos descreve 1 Cor.13,4-7 é o parâmetro para avaliarmos se esse esvaziamento, essa humildade e caridade de fato acontecem em nossas vidas. Não querer nada para si mesmo, eis a norma, mas querer tudo para os demais.Num mundo de competição, ganância e desvalorização da vida humana como tal, num mundo mercantilizado como o que vivemos, parece impossível se chegar a viver esse ideal pregado por São João da Cruz. No entanto, ontem como hoje, o cristão que esteja verdadeiramente revestido de fé, esperança e caridade, poderá sim trilhar esse caminho árduo e estreito e chegar ao cume da perfeição aonde, como diz João da Cruz, “AQUI JÁ NÃO EXISTE CAMINHO”, ele já não se faz necessário, porque O PRÓPRIO DEUS HABITA NESSE “MONTE”E ELE É O CAMINHO.Frei Osmar Vieira Branco O.Carm.