sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Experimente silenciar


“‘Se não soubermos silenciar, não escutaremos a voz de Deus”
Um dos grandes erros que cometemos, nos dias de hoje, no que diz respeito ao cumprimento nos preceitos de Nosso Senhor Jesus Cristo e até mesmo ao exercício de algum cargo é o não saber silenciar.
Já observou como facilmente se perde a concentração? Qualquer barulho, por mais simples que seja, chama a nossa atenção e nos desvia do objetivo.
Já não bastasse essa tendência natural, o mundo também tem nos estimulado nisso, pois tudo é muito “barulhento”: as músicas, os carros, a rua. Não “escutamos o silêncio”, não ouvimos a voz da natureza, não ouvimos até mesmo quem está ao nosso lado, que mora conosco, que trabalha no mesmo departamento, e ainda mais: não ouvimos a voz de Deus, que fala no silêncio. Já percebeu que a maior parte das pessoas quando chega em casa a primeira providência é ligar o televisor ou o aparelho de som?
Se não soubermos silenciar, não escutaremos a voz de Deus, não escutaremos nem mesmo a nossa consciência, e é nesse ponto que ocorre algum erro que pode modificar uma vida inteira.
Ah, como seria bom se aprendêssemos a silenciar, como faziam os monges, os eremitas, os santos, os estudiosos, os místicos! Homens e mulheres que se recolhiam em lugares especiais de silêncio e de solidão para encontrarem a Deus e a si mesmos. Saber conviver com a solidão é sinal de maturidade espiritual. A princípio não é fácil, temos dificuldades. No entanto, com disciplina e perseverança, é possível adquirir o hábito da contemplação.
Silencie! E ouça a mais bela voz de todas. Que voz é essa? A voz de Deus, no mais íntimo da alma!
Fonte: Baseado em Vocacionados Menores

Papa João XXIII e o Decálogo da serenidade


Na cidade de Roma, no ano de 1958, mais um Papa foi eleito. Os cardeais escolheram o sucessor do Papa Pio XII, o qual falecera após dirigir os destinos da Igreja Católica por 19 anos. Aos 77 anos, Ângelo Giuseppe Roncalli assumiu a Cátedra de Pedro com o nome de João XXIII. Era um homem simples que transmitia bondade, mansidão, benevolência e gentileza. Normalmente causava um impacto sempre favorável nas pessoas. Reconhecia claramente suas limitações e era dotado de um vivo senso de humor. Além da convocação do Sínodo romano, instituiu uma comissão para a revisão do Código de Direito Canônico e convocou o Concílio Ecumênico Vaticano II. Muito amante da Tradição da Igreja, desejava apenas levar o Senhor a todos os povos numa forma de comunhão eclesial mais direta e mais próxima. Este Papa exalava odor de santidade, sendo assim reconhecido pelo seu rebanho, que o chamava apenas de “Papa bom”. Buscava incansavelmente a paz para si mesmo e para todos os povos. Em 1960, num dos seus escritos, ele registrou uma página memorável com notável sentimento de espiritualidade e religiosidade universal. Chama-se o Decálogo da serenidade e contém dez sugestões de conduta para o homem que deseja a paz.1- Só por hoje, tratarei de viver exclusivamente o dia de hoje, sem querer resolver os problemas da minha vida de uma só vez.2- Só por hoje, terei o máximo cuidado com os meus atos; serei cortês nas minhas maneiras, não criticarei ninguém e nem pretenderei melhorar ou disciplinar ninguém, senão a mim mesmo.3- Só por hoje, serei feliz na certeza de que fui criado para a felicidade não só no outro mundo mas neste também.4- Só por hoje, me adaptarei às circunstâncias, sem pretender que elas se adaptem a todos os meus desejos.5- Só por hoje, dedicarei dez minutos do meu tempo a uma boa leitura, recordando que, assim como o alimento é necessário para a vida do corpo, a boa leitura é necessária para a vida da alma.6- Só por hoje, farei uma boa ação e não direi a ninguém.7- Só por hoje, farei pelo menos uma coisa que não desejo fazer e se me sentir ofendido nos meus sentimentos, procurarei que ninguém o saiba.8- Só por hoje, farei para mim um programa detalhado; talvez não o cumpra integralmente, mas ao menos o escreverei. E me guardarei de duas calamidades: a pressa e a indecisão.9- Só por hoje, acreditarei firmemente que, embora as circunstâncias demonstrem o contrário, a boa providência de Deus se ocupa de mim como se não existisse mais ninguém no mundo.10- Só por hoje, não terei temores. De modo particular, não terei medo de gozar o que é belo e de crer na bondade.


Beato João XXIII, intercedei por todos nós!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Se eu não tiver caridade, nada sou, dilatai-vos no amor!


Se eu não tiver a caridade, nada sou. Dilatai-vos no amor.


Eu e o Pai, diz o Filho, viremos a ele, isto é, ao homem santo, e faremos nele a nossa morada (Jo 14, 23). A ele, isto é, ao homem santo. Penso que também o Profeta não falou de outro céu quando disse: Vós habitais na morada santa, ó louvor de Israel (cf. Sl 21, 4: Vulgata). E o Apóstolo afirma claramente: Cristo habita em vossos corações, pela fé (Ef 3, 17).Não é de admirar que o Senhor Jesus tenha prazer em habitar nesse céu. Para criá-lo, Ele não disse simplesmente: “Faça-se”, como às demais criaturas. Mas lutou para conquistá-lo, morreu para redimi-lo. Por isso, depois de ter sofrido, afirmou com mais ardor: Eis o lugar do meu repouso para sempre, eu fico aqui: este é o lugar que preferi (Sl 131 [132], 14). Feliz da alma à qual se diz: Vem, minha amada; colocarei em ti o meu trono (cf. Ct 2, 10.13: Vulgata).Por que, agora, te entristeces, ó minh’alma, e gemes no meu peito? (Sl 41 [42], 6). Pensas que também em ti não poderás encontrar um lugar para o Senhor? E que lugar em nós será digno de sua glória e suficiente para sua majestade? Quem me dera merecesse pelo menos adorá-lo no lugar em que colocou seus pés! Quem me dera pudesse ao menos agarrar-me no mínimo às pegadas de alguma alma santa que Ele escolheu por sua herança (Sl 32 [33], 12)! Oxalá Ele se digne infundir em minha alma o óleo de sua misericórdia, de modo que também eu possa dizer: De vossos mandamentos corro a estrada, porque vós me dilatais o coração (Sl 118 [119], 32). Então poderei, talvez, também eu, mostrar em mim mesmo, se não um grande cenáculo preparado, em que Ele possa sentar-se à mesa com seus discípulos, pelo menos um lugar onde possa reclinar a cabeça.Depois é necessário que a alma cresça e se dilate, para ser capaz de Deus. Ora, sua medida é seu amor, como diz o Apóstolo: Dilatai-vos no amor (cf. 2Cor 6, 13). De fato, embora a alma, sendo espírito, não ocupe uma extensão corporal, contudo a graça lhe concede o que lhe foi negado pela natureza. Cresce e se estende, mas espiritualmente. Cresce e aumenta, até chegar ao estado de adulto, até chegar à estatura de Cristo em sua plenitude (Ef 4, 13). Cresce até se tornar um templo santo no Senhor (Ef 2, 21).Calcule-se, pois, a grandeza de cada alma pela medida de sua caridade: a que tem muita é grande, a que tem pouca é pequena, a que não tem nenhuma é nada, como diz São Paulo: Se eu não tiver caridade, nada sou (1Cor 13, 2).



São Bernardo de Clairvaux, Abade .Sermo 27, 8-10 in Cantica Canticorum(Editiones Cistercienses 1, 187-189)(Dos Sermões sobre o Cântico dos Cânticos)

Entrega á ti



«Oferecer-Te-ei por inteiro a minha alma que Tu resgataste, entregar-Te-ei o amor do meu coração»


Tu, que por mim fizeste tão grandes e belas coisas, que me obrigaste a ficar ao Teu serviço para sempre, que Te darei eu por tão grandes benefícios? Que louvores, que ações de graças poderia oferecer-Te, ainda que me gastasse mil vezes? O que sou eu, pobre criatura, em comparação Contigo, que és a minha abundante redenção? Assim, pois, oferecer-Te-ei por inteiro a minha alma que Tu resgataste, entregar-Te-ei o amor do meu coração. Sim, transporta a minha vida em Ti, leva-me toda inteira em Ti e, encerrando-me em Ti, faz com que eu seja uma única coisa Contigo.Ó amor, o teu ardor divino abriu-me o doce coração do meu Jesus. Ó coração fonte de doçura, coração transbordante de bondade, coração superabundante de caridade, coração de onde corre, gota a gota, a benevolência, coração cheio de misericórdia, coração tão amado, peço-te que absorvas todo o meu coração em ti. Pérola preciosíssima do meu coração, convida-me para o Teu festim que dá vida; serve-me os vinhos da consolação, a fim de que as ruínas do meu espírito se encham da Tua caridade divina, e de que a abundância do Teu amor supra a pobreza e a miséria da minha alma.Ó coração amado acima de todas as coisas, tem piedade de mim. Suplico-Te que a doçura da Tua caridade dê coragem ao meu coração. Que, pela Tua bondade, as entranhas da Tua misericórdia se comovam a meu favor; porque os meus deméritos são numerosos, e nulos são os meus méritos. Meu Jesus, que o mérito da Tua morte preciosa, que foi o único que teve o poder de compensar a dívida universal, me redima de todo o mal que eu fiz; que ele me atraia a Ti, de maneira tão poderosa que, totalmente transformada pela força do Teu amor divino, eu encontre graça a Teus olhos. E concede-me, querido Jesus, que Te ame, só a Ti em todas as coisas, que a Ti me ligue com fervor, que espere em Ti e não coloque limites à minha esperança.



Santa Gertrudes de Helfta Esercizi Spirituali, 7

Entrega á ti



«Oferecer-Te-ei por inteiro a minha alma que Tu resgataste, entregar-Te-ei o amor do meu coração»


Tu, que por mim fizeste tão grandes e belas coisas, que me obrigaste a ficar ao Teu serviço para sempre, que Te darei eu por tão grandes benefícios? Que louvores, que ações de graças poderia oferecer-Te, ainda que me gastasse mil vezes? O que sou eu, pobre criatura, em comparação Contigo, que és a minha abundante redenção? Assim, pois, oferecer-Te-ei por inteiro a minha alma que Tu resgataste, entregar-Te-ei o amor do meu coração. Sim, transporta a minha vida em Ti, leva-me toda inteira em Ti e, encerrando-me em Ti, faz com que eu seja uma única coisa Contigo.Ó amor, o teu ardor divino abriu-me o doce coração do meu Jesus. Ó coração fonte de doçura, coração transbordante de bondade, coração superabundante de caridade, coração de onde corre, gota a gota, a benevolência, coração cheio de misericórdia, coração tão amado, peço-te que absorvas todo o meu coração em ti. Pérola preciosíssima do meu coração, convida-me para o Teu festim que dá vida; serve-me os vinhos da consolação, a fim de que as ruínas do meu espírito se encham da Tua caridade divina, e de que a abundância do Teu amor supra a pobreza e a miséria da minha alma.Ó coração amado acima de todas as coisas, tem piedade de mim. Suplico-Te que a doçura da Tua caridade dê coragem ao meu coração. Que, pela Tua bondade, as entranhas da Tua misericórdia se comovam a meu favor; porque os meus deméritos são numerosos, e nulos são os meus méritos. Meu Jesus, que o mérito da Tua morte preciosa, que foi o único que teve o poder de compensar a dívida universal, me redima de todo o mal que eu fiz; que ele me atraia a Ti, de maneira tão poderosa que, totalmente transformada pela força do Teu amor divino, eu encontre graça a Teus olhos. E concede-me, querido Jesus, que Te ame, só a Ti em todas as coisas, que a Ti me ligue com fervor, que espere em Ti e não coloque limites à minha esperança.



Santa Gertrudes de Helfta Esercizi Spirituali, 7

Oração - Somos mais verdadeiramente livres no livre encontro de nossos corações com Deus


«Oração é liberdade no livre encontro de nossos corações com Deus»“A oração é a mais verdadeira garantia da liberdade pessoal. Somos mais verdadeiramente livres no livre encontro de nossos corações com Deus em Sua palavra e ao recebermos o Seu Espírito, que é o Espírito de verdade e liberdade. A Verdade que nos liberta não é uma mera questão de informação sobre Deus, mas a presença em nós, por amor e graça, de uma pessoa divina que nos leva a participar da vida pessoal íntima de Deus como Seus Filhos (e Filhas) adotivos.Esta é a base de toda oração, e toda oração deve estar voltada para este mistério da adoção na qual o Espírito em nós reconhece o Pai. O clamor do Espírito em nós, o clamor do reconhecimento de que somos Filhos (e Filhas) no Filho, é o cerne da nossa oração e o maior motivo de oração. Portanto, recolhimento não é exclusão de coisas materiais, e sim atenção ao Espírito no mais íntimo do nosso coração.A vida contemplativa não deve ser encarada como uma prerrogativa exclusiva dos que residem entre paredes monásticas. Todos podem procurar e encontrar essa consciência e despertar íntimos que são dons de amor e um toque vivificante de poder criador e redentor, do poder que ergueu Cristo de entre os mortos e que nos limpa das obras de morte para servirmos ao Deus vivo.Hoje com certeza é preciso enfatizar que a oração é uma real fonte de liberdade pessoal em meio a um mundo no qual somos dominados por organizações imponentes e instituições rígidas que só procuram nos explorar para obter dinheiro e poder. Longe de ser a causa da alienação, a verdadeira religião em espírito é uma força libertadora que nos ajuda a encontrar-nos em Deus”.


Thomas Merton, OCSOThe Hidden Ground of Love, Letters, p.159 Ferrar, Straus; Giroux Publishers; New York; 1985