sexta-feira, 30 de julho de 2010

"Não ofendam mais o coração de Nosso Senhor que já está bastante ofendido"

Foram estas as palavras de Nossa Senhora de Fátima em 1917 aos pastorinhos Lúcia, Francisco e Jacinta.Ao meditarmos sobre as ofensas terríveis cometidas á Nosso Senhor, descobrimos ser elas incontáveis, Nossa Senhora, nossa amada Mãe e Rainha, o descreveu como "Vale de Lágrimas".Nas aparições da Divina Misericórdia á Santa Faustina, Jesus nos convida a apelar para a sua última tábua de salvação, a sua insondável misericórdia.Jesus disse á esta sua gloriosa serva também, que estamos no tempo da misericórdia, ele resiste devido a intercessão de Maria, e um dia cessará.
As aparições á Divina Misericórdia acorreram de 1930 á 1938(ano da morte de Santa Faustina), e nos revelam um tesouro imensurável de como ser uma alma agradável ao Senhor.Quando Nossa Senhora de Fátima desceu á Terra, ela nos pediu : "Não ofendam o Coração de Nosso Senhor que já está bastante ofendido", muitos fazem terríveis pecados, e sempre há a oportunidade de os redimir: através de confissões, do pedido de perdão, de uma oração que venha do mais profundo do coração, do feitio de atos de misericórdia.Porém, muitos ignoram os sinais do Senhor, e permanecem no pecado, caem facilmente nas tentações do maligno, e deixam totalmente ao Senhor, ofendendo imensamente seu coração que tanto nos ama.Então, no dia verdadeiro implorarão a misericórdia do Altíssimo, mas já será demasiado tarde, e o tempo da misericórdia já terá acabado para esta pessoa.Em todas as aparições de Nosso Senhor Jesus Cristo, ele pediu incessantemente por orações ás almas do purgatório, assim como Maria, que nos deixou uma breve jaculatória para dele nos livrarmos: "Ó meu Jesus, perdoai-nos,livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente as que mais precisarem".
Não devemos jamais tentar satisfazer as vontades do mundo, mas as vontades do Rei dos Céus, pois o "Vale de Lágrimas" é muito levado á carne, e não ao espírito.Diante disso, lembremos a história de Jó, o maligno tocou em sua carne, mas não em seu espírito, mas ele tinha um espírito grandemente fortificado pelo poder do Altíssimo, e embora seu corpo estivesse doente, sua alma estava com uma grande saúde.O mundo é levado por prazeres á carne, pecados, que arrastam a alma igualmente para o fogo do purgatório.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

O Menino Jesus fala...

Palavras do menino Jesus para teu coração:
"Vê quanto eu te amo!
Fechada estava a porta do céu.Os homens não podiam encontrar seu Pai...por isso eu mesmo quis tornar-me criança, para que tu pudesses tornar-te um filho de Deus.E eu disse:"Preparaste-me um corpo...Eis,Pai, que venho para fazer a tua vontade"
Aprende de mim esta prontidão profunda, íntima e filial de fazer tudo o que causa prazer ao Pai!Tornei-me pobre e limitado,por ti!
Quando te sentires pequeno e fraco,és muito semelhante á mim, alegra-te!
Quando és pobre, meu Pai pode presentear-te ricamente...Fica sempre comigo e torna-te criança!Vê meus olhos: neles só reflete o céu,pois eu vejo sempre o Pai!
Nada posso fazer ainda...Só uma coisa:AMAR!Meu coração procura a todas as pessoas.Meu coração se abrasa de amor pelo Pai.Recebe de meu presépio um amor caloroso,profundo e íntimo!
Vê como o Pai é bom!Ele permitiu que eu viesse ao mundo, em tão grande aflição e miséria, para que tu pudesses aprender de mim.Também o sofrimento é amor.Pelo sofrimento , o Pai atrai seus filhos prediletos ao seu coração, para bem perto de si.
Não fiques triste quando precisas sofrer muito!Vê quanto o Pai me amou no sofrimento!E crê em meu amor, também nas horas mais escuras e tenebrosas...
Só crianças podem entrar no Reino dos Céus.Vê,junto de meu presépio está minha Mãe, MARIA!Ela compreendeu tão bem minha linguagem...Vai ter com ela.Ela te mostrará a mim.
Não vim para reinar, mas para servir!
Tornei-me tão pequeno e me abaixei tanto para estar perto de ti.Quero ficar sempre contigo, se me abrires o mais íntimo de tua alma...
Quero ensinar-te a ser criança como sou.Mesmo que meu corpo trema de frio, mesmo que haja tantos homens que me odeiam e me perseguem-eu não cesso de sorrir.Quero sorrir para meu Pai do Céu.Meu sorrir é uma delícia.Meu sorrir desfaz todas as durezas e amarguras e leva todos para o lar em meu amor.
Eu vim para anunciar a todos a bondade de meu Pai.Meus olhos de criança te iluminam e tornam-te alegre,Com meus oniscientes olhos divinos, eu olho profundamente em teu coração.Conheço todas as tuas alegrias e teus sofrimentos.Conheço também tuas culpas...que te magoam...Sei tudo!Vem, queixa-te comigo de tuas culpas!Encherei tua alma de profundo arrependimento.Meu coração se alegra quando vens a mim,bem pobre e pequenino...Então, posso dar-te minha misericórdia, tão rica e tão grande...
Descansa em minha misericórdia e me tornarás feliz!Então, posso ser tudo para ti!Vim para que tenhas a vida...a vida da alma em plenitude...
Vê, eu renovo tudo!Quero introduzir-te em minha vida.Quero nascer em ti.Em ti, quero amar o Pai!Em ti quero servir os homens!Em ti quero sofrer!Em ti, quero ser glorificado!Em ti, quero manifestar-me aos homens!..."
Irmã Maria Raquel Mainardi, Santuário da Mãe Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Shoenstatt

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Ladainha das Dores de Maria Santíssima

Senhor, tende piedade de nós
Cristo,tende piedade de nós
Senhor,tende piedade de nós

Cristo,ouvi-nos
Cristo,atendei-nos

Deus, pai celestial, tende piedade de nos
Deus,Espírito Santo, tende piedade de nós
Santíssima Trindade e um só Deus, tende piedade de nós


Santa Maria,rogai por nós
Santa Mãe de Deus, rogai por nós
Santa Virgem das Virgens,rogai por nós
Mãe Crucificada,rogai por nós
Mãe Dolorosa, rogai por nós
Mãe Lacrimosa,rogai por nós
Mãe Aflita, rogai por nós
Mãe Abandonada,rogai por nós
Mãe Desolada, rogai por nós
Mãe privada de Filho, rogai por nós
Mãe transpassada pela espada, rogai por nós
Mãe abrumada de dores, rogai por nós
Mãe cheia de angústias, rogai por nós
Mãe cravada á cruz em seu coração, rogai por nós
Mãe tristíssima, rogai por nós
Fonte de lágrimas, rogai por nós
Cúmulo de Sofrimentos, rogai por nós
Espelho de paciência, rogai por nós
Arca da constância, rogai por nós
Ancora da confiança, rogai por nós
Refúgio dos abandonados, rogai por nós
Escudo dos oprimidos, rogai por nós
Derrota dos incrédulos, rogai por nós
Salvação dos miseráveis, rogai por nós
Medicina dos enfermos, rogai por nós
Fortaleza dos débeis, rogai por nós
Porto dos náufragos, rogai por nós
Apassivadora das tormentas, rogai por nós
Auxiliadora dos necessitados, rogai por nós
Terror dos que incitam o mal, rogai por nós
Tesouro dos fiéis, rogai por nós
Inspiração dos profetas, rogai por nós
Sustento dos apóstolos, rogai por nós
Coroa dos mártires, rogai por nós
Luz dos confessores, rogai por nós
Flor das virgens, rogai por nós
Esperança das viúvas, rogai por nós
Alegria de todos os santos, rogai por nós

Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos,Senhor
Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, ouvi-nos,Senhor
Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo,tende piedade de nós.

Oremos:

Oh!Deus, em cuja Paixão foi transpassada pela dor e alma dulcíssima da gloriosa Virgem e Mãe Maria, segundo a profecia de Simeão;
Concedei-nos propício, que quando veneramos suas dores e fizermos memória delas, consigamos o feliz efeito da tua Sagrada Paixão.
Vós que viveis e reinais pelos séculos dos séculos.Amém.

"Afastem-se de mim, maus pensamentos!"


Santa Teresa D´Ávila, grande servidora de Jesus Cristo no Carmelo Descalço soube trilhar um caminho de mais bela fé, vivência em Cristo Jesus, perseverança e dons do Espírito Santo, nada a impedia de expandir cada vez mais a obra de Nossa Senhora do Carmo, o Carmelo.Em tudo colocou Jesus á sua frente, até mesmo em seu nome (Pois também é conhecida como Santa Teresa de Jesus), com ele fez todas as reformas na Ordem do Carmo e ainda escreveu livros muito belos, que inspiraram muitas santas ( como Santa Teresa Benedita da Cruz, que alcançou a conversão pelo livro.)
Mas mesmo com tão elevado grau de amor á Jesus Cristo, não afastavam-lhe as tentações, mesmo sendo ela grandemente penitente, açoitando o próprio corpo, as piores tentações vinham de seus pensamentos, que a atacavam constantemente com imagens terríveis, que triste deixariam á Deus, assim com a alma grandemente contrita, proclamava o ato de contrição em alta voz, e logo após dizia "Afastem-se de mim, maus pensamentos!", eles a importunaram durante toda a sua vida como uma grande tentação.
Os pecados de pensamento atraem igualmente a ira de Deus como os pecados de ação, ás vezes até mais, pois estes pecados ficam escondidos om recônditos onde o olhar humano não pode ver, e por isso deixam á Nosso Senhor muito triste, eles vêm durante muitos momentos oportunos, algumas vezes até no momento da Santa Missa, para desviar-nos do pecado devemos muito nos exercitar na virtude.
Devemos ter um espírito contrito, para que sejamos como uma rocha , em que nada a quebra, perto de tentações, que são obras do maligno que não quer que nossas almas sejam salvas.Mas nós, somos salvos pelo Precisosíssimo Sangue de Jesus Cristo, e com ele chegaremos á vida eterna, onde com ele estaremos, e lá não haverá tentação, pois o Senhor retirará.

Permanece conosco,Senhor!


Este foi o pedido dos discípulos de Jesus que não o reconheceram no caminho, com ele andaram , conversaram e se entreteram, mas não reconheceram que era o filho de Deus, o Novo Testamento nos mostra claramente em relação á esta passagem da Sagrada Escritura:
"Eis que naquele tempoiam dois discípulos de Jesus para uma aldeia, que distava de Jerusalém sessenta estádios, cujo nome era Emaús.
E iam falando entre si de tudo aquilo que havia sucedido.
E aconteceu que, indo eles falando entre si, e fazendo perguntas um ao outro, o mesmo Jesus se apreoximou, e ia com eles,
Mas os olhos deles estavam como que fechados, para que o não conhecessem,
E Ele lhes disse: Que palavras são estas que , caminhando, trocais entre vós e por que estais tristes?
E respondendo um, cujo nome era Cléofas, disse-lhe: És tu somente peregrino em Jerusalém, e não sabe as coisas que nela têm sucedido nestes dias?
E ele lhes perguntou: Quais?.E eles lhe responderam: As que dizem respeitoá Jesus Nazareno, que foi homem profeta, poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo;
E como os principais dos sacerdotes e os nossos príncipes o entregaram á condenação de morte e o crucificaram.
E nós esperávamos que fosse ele o que remisse Israel; mas agora, sobre tudo isso, e já hoje o terceiro dia desde que essas coisas aconteceram.
É verdade que também algumas mulheresdentre nós nos maravilharam, as quais de madrugada foram ao sepulcro.
É, não achandoc o seu corpo, voltaram, dizendo que também tinham visto uma visão de anjos, que dizem que ele vive.
E alguns dos que estavam conosco foram ao sepulcro, e acharam ser assim como as mulheres haviam dito;porém, a ele não o viram.
E Ele lhes disse:Ó néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram!
Porventura não convinha que o Cristo pedecesse estas coisas e entrasse na sua glória?
E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras.
E chegaram a aldeia para onde iam, e ele fez como quem ia para mais longe.E eles o contrangeram dizendo:Permanece conosco,Senhor, porque já é tarde, e já declinou o dia.E entrou para ficar com eles.
E aconteceu, que, estando com eles á mesa, tomando o pão, o abençoou , partiu-o, e lho deu.
Abriram-se-lhes então os olhos, e o conheceram, e o reconheceram, e ele desapareceu-lhes.
E disseram um para o outro: Porventura não ardia em nós o nosso coração, quando,pelo caminho nos falava, e quando nos abria as escrituras?(Lucas 24, 13-32)
Quão grande significado há nesta grande aparição de Nosso Senhor, sabemos, pois, que Jesus Cristo, desceu á Terra muitas vezes em milagosas aparições, como a Divina Misericórdia( á Santa Faustina), o Sagrado Coração de Jesus ( Á Santa Margarida Maria Alacoque), as Santas Chagas (á Sóror Maria Martha Chambon), entre outras diversas imensidões das almas que sentiram o amor de Jesus com os olhos humanos.Pois bem, estes dois outros discípulos muito decepcionados estavam e conversavam sobre isto no caminho,viram Jesus morer na cruz e pensaram que ele morreu para sempre, prefeiram acreditar nos profetas imperfeitos do que nas palavras daquele que é sumamente o Filho de Deus.
Enquanto suas almas incertas conversavam, apareceu-lhes Jesus Cristo, mas os apareceu oculto sob a face humana, para que enxergassem á Jesus mesmo ele não sendo visto.E com eles conversou sobre todo o Evangelho, e lhe contaram o que havia ocorrido á Jesus ( sendo que estavam a conversar com Ele), disseram sobre suas suspeitas de que os testemunhos daqueles que o viram não foi verdade, que estavam muito desconfiados...pois o viram morrer em uma cruz, e não acreditavam que alguém que morresse pudesse ressucitar.Jesus, admirado com tais esclareimentos, lhe diz : "Ó nescios e tardos de coração!", e em algumas outras escrituras encontramos "Ó homens de pouca inteligência!", Jesus queria pois revelar-lhes que ele ali estava, mas não o percebiam.Estes dois discíulos muitas vezes põe-se em lugar de todos nós, quando presenciamos milagres e não queremos acreditar verdadeiramente, ou quando dizem-nos sobre aparições milagrosas e recusamos á acreditar.Isso ocorre com muitas seitas, que não querem acreditar na Mãe Santíssima mesmo após tantos milagres e aparições, fazendo o mesmo que disse Jesus ser errado "preferiram acreditar nos profetas do que no Filho de Deus".
E quando suas almas tíbias já estavam, Jesus delas teve Misericórdia, e quis salva-las, fingiu então que estava indo por outro caminho, e eles sedentos de uma fé que não conheciam disseram-lhe "Permanece conosco,Senhor!", queriam continuar á ter aquela paz, aquele amor maior vindo de Cristo que os envolvia cada vez mais.Mas somente, no momento em que Jesus oculto pela face humana repartiu o pão e deu-lhe a benção foi que o reconheceram da Ceia derradeira, viram então com os olhos humanos e com os olhos da alma, o que o coração já havia presenciado: que aquele a quem conversaram era o FiLHO DIVINO DE DEUS.Perceberam então o quando seus coração repletos de amor para com ele estavam no momento em que falava-lhes.
Necessitamos também, queridos irmãos, a ver Cristo na face humana de cada um de nossos irmãos que peregrinam neste mundo rumo á vida eterna , vê-lo em seu coração, em seu olhar,pois ele muitas vezes pode passar despercebido á nossos olhos mundanos.Santa Faustina Kowalska, grandiosa apóstola da Misericórdia, permaneceu durante alguns meses na função de porteira do Convento das Irmãs de Nossa Senhora da Misericórdia, um dia bateu á portaria um jovem com a roupa rasgada, os pés descalços, muito sujo, neste dia estava nevando e ele tremia de frio, a Irmã Faustina movida pela misericórdia e pela compaixão o convidou á entrar e a ele ofereceu uma sopa com alguns pedaços de pão, enquanto se despedia desapareceu é seus olhos, e ela viu etão que era Jesus que havia vindo provar de sua misericórdia.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

O verdadeiro amor de São Francisco diante do Crucificado


Frei João Mannes, OFM
No dia 17 de setembro celebra-se a festa da impressão das chagas de São Francisco de Assis. Os estigmas que Francisco recebeu em 1224, no Monte Alverne, após uma visão do Cristo crucificado em forma de Serafim alado, são sinais visíveis de sua semelhança à humanidade de Cristo, nos seus três modos: na vida, na paixão e na ressurreição.Francisco encontrou-se pela primeira vez com o Crucificado na pequena Igreja de São Damião. Num certo dia, conduzido pelo Espírito, entrou nessa Igreja e prostrou-se diante da imagem do Cristo crucificado que, movendo de forma inaudita os seus lábios, disse: “Francisco, vai e restaura minha casa que, como vês, está toda destruída” (2Cel 10,5). E, conta-nos Celano, que Francisco sentiu desde então uma inefável mudança em si mesmo, pois são impressos mais profundamente no seu coração, embora ainda não na carne, os estigmas da venerável paixão.No entanto, foi ao ouvir o Evangelho acerca da missão dos apóstolos (Mt 10, 7-13), que Francisco compreendeu o real significado da voz do Crucificado, e imediatamente exclamou: “É isto que eu quero, é isto que eu procuro, é isto que eu desejo fazer do íntimo do coração” (1Cel 8,22). Assim, sob o toque ou o apelo de uma afeição, começou devotadamente a colocar em prática o que ouvira, isto é, distribuiu aos pobres todos os seus bens materiais, bem como renegou-se a si mesmo para que, exterior e interiormente livre, pudesse ir pelo mundo e anunciar aos homens a paz, a penitência e, enfim, o amor não amado de Deus.O amor que é Deus realizou-se na sua profundeza, largura e altitude na pessoa de Jesus Cristo. A encarnação, o estábulo, o lava-pés e a Eucaristia são expressões concretas do modo de amar como só o Deus de Jesus Cristo pode e sabe amar. Porém, foi especialmente ao entregar incondicional e gratuitamente a sua vida na Cruz, que o Filho de Deus revelou à humanidade que Deus é essencialmente caridade perfeita.Francisco, por inspiração divina, abraçou pobre e humildemente a cruz de Jesus e deixou-se impregnar, arrebatar e transformar totalmente pelo espírito de abnegação divina. Isso quer dizer que a imitação de Cristo, por parte de Francisco, não é mera repetição mecânica dos gestos exteriores de Jesus, mas é manifestação de sua profunda sintonia com a experiência originária de Jesus Cristo: o Reino de Deus. Somente quem possui o Espírito do Senhor pode observar “com simplicidade e pureza” a Regra e o Testamento de São Francisco e realizar em si mesmo as santas operações do Senhor.Na Terceira consideração dos sacrossantos estigmas considera-se que, aproximando-se a festa da Santa Cruz no mês de setembro, o pai Francisco, na hora do alvorecer, se pôs em oração, diante da saída de sua cela, e entre lágrimas orava desta forma: “Ó Senhor meu Jesus Cristo, duas graças te peço que me faças antes que eu morra: a primeira é que em vida eu sinta na alma e no corpo, quanto for possível, aquelas dores que tu, doce Jesus, suportaste na hora da tua acerbíssima paixão; a segunda é que eu sinta no meu coração, quanto for possível, aquele excessivo amor do qual tu, Filho de Deus, estavas inflamado para voluntariamente suportar uma tal paixão por nós pecadores”(I Fioretti)). E, relata Boaventura que, enquanto Francisco rezava, “viu um Serafim que tinha seis asas (cf. Is 6,2) tão inflamadas quão esplêndidas a descer da sublimidade dos céus. E [...] apareceu entre as asas a imagem de um homem crucificado que tinha as mãos em forma de cruz e os pés estendidos e pregados na cruz. [...] Imediatamente começaram a aparecer nas mãos e nos pés dele os sinais dos cravos” (LM 13,3). Assim, Francisco transformara-se todo na semelhança de Cristo crucificado (cf LM 13,5). Pois, de fato, trazia Jesus no coração, na boca, nos ouvidos, nos olhos, nas mãos, nos sentimentos e em todos os demais membros (cf. I Cel 9,115), e conseqüentemente podia exclamar com o apóstolo Paulo: “Eu vivo, mas já não sou eu, é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). O Pobre de Assis, no seguimento de Jesus Cristo, perdeu a sua própria vida, mas recuperou-a inteiramente em Deus, de acordo com a palavra do Evangelho: “Quem perder a sua vida por causa de mim vai encontrá-la” (Mt 12,25). Todavia, Francisco não somente reencontrou a si mesmo em Deus, como filho de Deus, mas a todos os seres do universo. O Cântico das Criaturas, que compôs pouco antes de sua morte corporal, é expressão jubilosa dessa intensa experiência eco-espiritual: “Louvado sejas meu Senhor, com todas as tuas criaturas”.O pai Francisco tornou-se assim um mestre na sequella Iesu. De imediato despertou o fascínio de muitas pessoas e atraiu muitos discípulos e discípulas, entre as quais, Santa Clara. Clara e suas Irmãs, a exemplo de Francisco, também querem chegar ao cimo da montanha da perfeição do amor. A propósito subscrevemos parte do VII capítulo (Do perfeito amor de Deus) de um interessantíssimo opúsculo que Boaventura escreveu à abadessa das Irmãs, do convento de Assis, sobre A perfeição da vida:“Não é possível excogitar um meio mais apto e mais fácil para mortificar os vícios, para progredir na graça, para atingir o auge de todas as virtudes do que a caridade. Por isso diz Próspero, no seu livro Sobre a vida Contemplativa: “A caridade é a vida das virtudes e a morte dos vícios”. Como a cera se derrete diante do fogo, assim os vícios perecem diante da caridade. Porque a caridade possui tanto poder que só ela fecha o inferno, só ela abre o céu, só ela dá a esperança da salvação, só ela nos torna dignos do amor de Deus. Tal poder possui a caridade que entre todas as virtudes só ela é chamada propriamente virtude. Quem a possui é rico, tem abundância, é feliz. [...] E diz Santo Agostinho: “Se a virtude conduz a uma vida bem-aventurada, eu quisera afirmar em absoluto que nada é propriamente virtude senão o sumo amor de Deus”. Sendo, por conseguinte, o amor de Deus uma virtude tão elevada, cumpre insistir em alcançá-lo acima de todas as demais virtudes; porém, não um amor qualquer, mas só aquele com que Deus é amado sobre todas as coisas e o próximo por amor de Deus. O modo de amar a teu Criador ensina-o o teu esposo no evangelho: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma e de todo o teu espírito. Repara bem, caríssima serva de Jesus Cristo, que amor o teu dileto esposo exige de ti. Quer o teu amado que ao seu amor dediques todo o teu coração, toda a tua alma, todo o teu espírito, de sorte que absolutamente ninguém em todo o teu coração, em toda a tua alma, em todo o teu espírito, tenha parte com ele. Que, pois, fará para amares o Senhor teu Deus realmente de todo o coração? Que quer dizer: de todo o coração? Vê como São João Crisóstomo ensina: “Amar a Deus de todo o coração significa não estar o teu coração inclinado a nenhuma outra coisa mais do que ao amor de Deus; não te comprazeres nas coisas desse mundo mais do que em Deus, nem nas honras, nem mesmo nos pais. Se, todavia, o teu coração se ocupar em alguma destas coisas, já não o amas de todo o coração”. Peço-te, serva de Cristo, não te iludas. Fica sabendo que, se amas alguma coisa, e não a amas em Deus e por Deus, já não o amas de todo o coração. Por isso diz Santo Agostinho: “Senhor, menos te ama quem ama alguma coisa contigo”. Se amas alguma coisa que não te faz progredir no amor de Deus, não o amas de todo coração. E se, por amor de alguma coisa, negligencias aquilo que deves a Cristo, já não o amas de todo o coração. Ama, pois, o Senhor teu Deus de todo o coração. Não somente de todo o coração, mas também de toda a alma devemos amar a Jesus Cristo, nosso Deus e Senhor. Que significa: de toda a alma? Vai dizê-lo Santo Agostinho: “Amar a Deus de toda a alma é amá-lo com toda a vontade, sem restrições”. Amarás, certamente, de toda a alma, se sem contradição e de boa vontade fizeres não o que tu queres, nem o que aconselha o mundo, nem o que te inspira a carne, mas aquilo que reconheceres como sendo a vontade de Deus. Amarás, de fato, a Deus de toda a tua alma quando por amor de Jesus Cristo entregares de boa vontade tua vida à morte, sendo necessário. Se nisto, porém, faltares, já não amas de toda a alma. Ama, pois, ao Senhor teu Deus de toda a tua alma, isto é, faze a tua vontade sempre em conformidade com a vontade divina. Entretanto, não só de todo o coração, não só de toda a alma, deves amar o teu esposo, Jesus Cristo. Ama-o também de todo o teu espírito. Que quer dizer: de todo o teu espírito? Di-lo novamente Santo Agostinho: “Amar a Deus de todo o espírito, é amá-lo com toda a memória, sem esquecimento”. (in: Obras Escolhidas. Porto Alegre: EST, 1983, p. 433-435).

Quem perder sua vida na Terra ganha-lá-a no céu




Jesus Cristo, o Salvador e Redentor de toda a humanidade, durante toda a sua vida de pregação em função da conversão misericordiosa jamais tentou ver as belezas do mundo, nem admira-las,mas foi crucificado por nós, que acreditamos nas mentiras e ilusões deste Vale de Lágrimas.Jesus, na Sagrada Escritura diz que "Não há amor maior do que dar a vida por seus amigos",e ele a deu embora sofrendo injustamente, com suma obediência ao seu e nosso Pai Celestial.Todos sabemos, que para alcançar o caminho da verdadeira perfeição é necessário viver como Cristo viveu, entregando sua vida a ele também.
Nos dias atuais vemos tantos tristes exemplos de tibieza que deixam-se entregar ao mundo, apenas divertindo-se e algumas vezes até mesmo alegando que a vida é curta demais.De fato,a vida terrena é curta, mas a vida nos céus é eterna, e não há como chegar-se aos céus se não tentar comportar-se como o Rei dos Reis na Terra.Infelizmente, muitas pessoas hoje tem medo de penitências, de orações, dizendo que Deus não quer que nos penitenciemos, ou que não precisa rezar pois ele sabe de nossas intenções...isso tudo são tentações que todos passamos, para Deus nos provar justamente.
Nas aparições de Nossa Senhora de Fátima á Lúcia (depois , Irmã Maria Lúcia), Jacinta e Francisco vemos o grande exemplo de que Nossa Senhora pede incessantemente penitências, e até mesmo o anjo do dia do juízo final diz três vezes "Penitência!Penitência!Penitência!".A humanidade voltou-se para o mundo, ganhando suas vidas na Terra durante um breve tempo e queimando-as no fogo do inferno durante toda uma eternidade, então ouvirão-se choros e rangeres de dentes.É imensamente necessário que todos sigam o exemplo vivenciado por Cristo,para perderem a vida no mundo e ganha-la eternamente no céu, fazer penitências, jejuns , proclamar a santa palavra, participar do Corpo de Cristo, que é a Igreja.
Em toda a história cristã podemos perceber que todos os santos, não nasceram já com este propósito, mas foi necessário uma vida de extrema penitência, mesmo diante de inúmeras tribulações.Alguns não foram compreendidos por grande parte das pessoas, que até mesmo deles zombavam no meio das ruas, mas eles nada tinham a temer, pois suas vidas não eram do mundo.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Sumo recato santificado

Durante todo o começo da era cristã, deslumbramos quão

grande exemplo de mais purificada vivência junto á Cristo é a castidade, mas não apenas a castidade física, que é claro, é muitíssima importante, mas a castidade interior, aquela que brota do coração, como uma nova fonte de água é o mais belo exemplo purificado.Neste exemplo tão radioso vemos inspiradas tantos santos e santas mártires ( Santa Luzia representa este recato, na imagem ao lado), porque viviam não por si mesmas, mas para Jesus, suas vidas eram feitas holocaustos ao bome eterno Senhor.Não importavam-se com a maneira de outros se vestirem, ou dos castigos ameaçados, ás vezes até a morte buscava os atormentar, mas quando têm-se Deus verdadeiramente no mais fundo da alma é impossível desfazer este laço que permanece por toda a eternidade, chegando ao mais alto dos céus.

Durante os dias atuais vemos tão tristes exemplos de tibieza até mesmo no modo de vestir-se, pensando ser a libertade algo separado de Cristo.Não respeitam a suma castidade, que é um tesouro do Divino Espírito Santo, e suas almas estragam-se de tal maneira , que, a última solução é sofrer as justiças de Deus, passar pelos horrores do purgatório ou até mesmo passar a eternidade no terrível fogo ardente que é o inferno.Não reconhecem a ação misericordiosa de Cristo em suas vidas e deixam-se levar pelo mundo, que tanto que entristece o Senhor por seus pecados.
Quão grande exemplo de vida é a vivência de Santa Inês ( Sancta Agnes) que preferiu o martírio a ferir sua castidade, que sabia que era guardada pelo Divino Espírito Santo.Rezemos durante esta semana para que o Bom e Eterno Pai Celestial digne-se guardar a castidade de cada um de seus filhos dispersos pelo mundo.




quarta-feira, 14 de julho de 2010

Paz na Suma Espiritualidade Franciscana



Frei Celso Márcio Teixeira, OFM

Introdução
Um dos mais profundos anseios do coração humano é o anseio pela paz. Fundamentalmente, todas as utopias da humanidade - elaboradas ou não - se resumem no desejo de paz. A utopia que se chama cristianismo também é fundamentalmente um desejo de paz. E quanto mais distantes estivermos dela, mais sonharemos com ela; quanto mais violento for o mundo que nos rodeia, mais a desejaremos. Este desejo é como uma minúscula brasa que fica escondida sob um montão de cinzas, esperando que alguém venha soprá-la para que ela se manifeste em todo o seu brilho e calor. Perder a esperança e não crer nesta utopia significa apagar em si o sonho que dá sentido à vida; e apagar o sonho da vida é extinguir-se a si mesmo. Por isso, aqui vale o conselho do profeta Isaías: Não apagar o pavio que ainda fumega (cf. Is 42,3).


Ao longo da história, vários foram os profetas da paz que tentaram manter acesa, ainda que sob uma montanha de cinzas, a brasa da paz. Somente para lembrar os nomes de alguns: Isaías, o profeta da paz, elaborou a sua utopia, na qual ele via o lobo comer com o cordeiro (cf. Is 11,6-9); Jesus Cristo anunciou um reino que resumia todas as utopias do ser humano, "reino da verdade e da vida, reino da justiça, do amor e da paz"; Francisco de Assis, trovador e profeta, símbolo de homem reconciliado com todos os seres, desde a mais brilhante estrela do firmamento ao minúsculo verme que se arrasta pela terra; Mahatma Ghandi, o homem que pregou a revolução pela via da não violência.

O mundo atual, marcado pela cultura da morte, ainda sonha com a paz. Isto significa que o pavio ainda fumega (cf. Is 42,3). A sociedade movimenta-se de maneira pluriforme em busca da realização dessa utopia. Este contexto nos parece campo fértil para que franciscanos e franciscanas desenvolvam toda uma evangelização voltada para a paz. A inserção nos movimentos de paz será um dos lugares preferenciais de presença franciscana. Aí temos a tarefa de dar uma contribuição tipicamente franciscana.


Esta contribuição, a nosso ver, não pode limitar-se ao nível panfletário. Temos uma contribuição mais substancial a oferecer. Ela abrange dois pólos: Um em nível de reflexão, outro em nível de ação. Em nível de reflexão, temos toda uma espiritualidade que serve de fundamentação para nossa presença nos movimentos de paz; temos toda uma teologia a oferecer aos nossos interlocutores e aliados. Em nível de ação, devemos ter a coragem de abandonar nossas "pastorais" rotineiras e partir para uma presença mais ágil e significativa no meio dos pobres, dos excluídos, primeiras vítimas silenciosas de sistemas causadores de violência, de exclusão e de morte.


Portanto, é importante que tenhamos consciência de que nossa contribuição franciscana deve ser qualificada. Distribuir panfletos? Todo mundo pode fazer isto. Uma reflexão franciscana e uma presença franciscana de qualidade, ao contrário, é tarefa que cabe unicamente a nós.

1. Uma reflexão preliminar: A evangelização como quadro de referência do anúncio franciscano da paz
Normalmente, quando se escreve ou se fala sobre o tema da paz em Francisco de Assis, vai-se entrando imediatamente no tema, praticamente sem fazer alusão a um quadro mais amplo de referência. Começa-se a tratar da paz que Francisco pregava, como que desvinculando-a do conjunto ou amputando-a do corpo todo da atividade e da proposta de vida de Francisco. Por isso, o anúncio da paz corre o risco de ser compreendido como um apêndice, como algo que Francisco fazia ao lado de sua atividade evangelizadora, ou apenas de vez em quando, ou como um tema ao lado de outros. Está aí, a nosso ver, uma compreensão parcial (portanto, distorcida) do que Francisco entendia pelo anúncio da paz. Realmente, o fato de desvincular a proclamação da paz de toda a atividade (e espiritualidade) de Francisco não deixa de empobrecer o próprio conteúdo de sua concepção sobre a paz.


Segundo nosso modo de ver, o quadro de referência para o anúncio (e compreensão) da paz está na evangelização. Evidentemente, o termo "evangelização" é recente na teologia. Praticamente, só ganhou impulso e divulgação e relevância a partir da encíclica Evangelii Nuntiandi, do Papa Paulo VI. Mas a prática da evangelização é tão antiga como o próprio evangelho. Por isso, podemos atribuir uma terminologia nova a uma prática antiga (no caso, da Idade Média), conscientes de não estarmos traindo a verdade dos fatos.


A evangelização é o ponto chave para compreendermos a vocação de Francisco e de seus companheiros (por conseguinte, a vocação legada como herança a toda Ordem). Uma leitura mais comum, inclusive dos biógrafos da primeira hora, tem centralizado a vocação de Francisco na escolha da pobreza. Esta seria para muitos a ótica sob a qual deve ser contemplado todo o desenvolver da vocação franciscana. Nosso modo de considerar prefere ver na evangelização o pólo catalisador de todo o movimento franciscano desde as origens. De fato, após alguns anos de busca de uma resposta, vivendo primeiramente como eremita e depois como reconstrutor de capelas, Francisco sente-se tocado pelas palavras do Evangelho (1) que teria ouvido durante uma missa na Porciúncula. Tratava-se do texto do envio dos discipulos (Lc 10,1-11 ou Mt 10,1.5-15; em Mt trata-se do envio dos doze) para anunciar o Reino.

Ora, este texto do Evangelho, depois de descrever o envio dos discípulos na condição de pessoas despojadas (nada leveis pelo caminho), contém três elementos nucleares: a) a saudação da paz; b) a cura dos doentes; c) o anúncio do reino (esta ordem em Mt 10 está exatamente ao inverso).


Uma interpretação dicotômica poderia ver nestes elementos três fases da tarefa de evangelizar, a saber, a saudação da paz, como sendo uma introdução, a cura dos doentes, como uma preparação para a evangelização, e o anúncio do Reino, que seria a tarefa evangelizadora propriamente dita. A nosso ver, porém, estes três elementos constituem a própria evangelização. O conjunto todo é anúncio do reino. O reino de Deus só pode ser reino de paz, caso contrário não será reino de Deus. Por isso, a própria saudação de paz já é anúncio do reino, como também a cura dos doentes é anúncio de um reino sem males (cf Lc 7,18-23).


O primeiro biógrafo, mesmo com a tentação de interpretar a vocação de Francisco na ótica da pobreza (de fato, descreve primeiramente o despojamento de Francisco que troca o hábito de eremita por outro muito pobre e desprezível), passa em seguida a descrever a tarefa evangelizadora de Francisco: "A partir de então, com grande fervor de espírito e alegria da alma, começou a pregar a todos a penitência, edificando os ouvintes com palavras simples, mas com o coração nobre ... Em toda pregação sua, antes de propor a palavra de Deus aos que estavam reunidos, invocava a paz, dizendo: 'O Senhor vos dê a paz' (cf 2Ts 3,16; Lc 10, 4b). Anunciava-a sempre mui devotamente a homens e mulheres, aos que ele encontrava e aos que lhe vinham ao encontro. Por esta razão, muitos que odiavam a paz, com a cooperação do Senhor, abraçaram de todo coração a salvação juntamente com a paz, tornando-se também eles filhos da paz e desejosos da salvação eterna”(2).

A saudação da paz e a proposição da palavra de Deus, descritas por Tomás de Celano, remetem-nos imediatamente ao texto de Lc 10. Só falta o elemento da cura dos doentes. Esta constatação nos permite concluir que para Francisco a saudação e o anúncio da paz constituíam a própria evangelização, exatamente como ouvira do Evangelho. Na prática de Francisco, a evangelização inclui necessariamente o anúncio da paz. Em outras palavras: não se evangeliza, se não se anuncia a paz.

O Anônimo Perusino não narra o episódio da escuta do texto de Lc 10 na Porciúncula. Mas não desconhece que este texto fazia parte da origem da vocação de Francisco, pois ele coloca, logo após o despojamento de Francisco diante de Pedro Bernardone, a ressonância do texto do envio: "O Senhor conduziu-o pelo caminho reto e estreito, porque ele não quis possuir nem ouro nem prata, nem dinheiro, nem qualquer outra coisa (cf. Mt 10,9), mas seguiu o seu Senhor na humildade, na pobreza e na simplicidade de seu coração. Andando de pés descalços, vestia-se com um hábito desprezível, cingia-se com um cinto também muito barato" (3).

Embora o despojamento de ouro e prata, etc., fizesse parte de um texto dinâmico de envio a evangelizar, o AP prefere lê-lo na ótica da pobreza, desvinculando a pobreza do quadro da evangelização.


2. Evolução do conceito: da prática da pregação a um conceito mais amplo de evangelização
No entusiasmo de quem descobriu o sentido de sua vida, Francisco começa a pregar. Evangelizar significa inicialmente para Francisco dirigir-se ao povo, anunciar a palavra de Deus, lembrando sempre que o reino que ele quer anunciar é reino de paz. Por isso, insiste na saudação da paz. Como a saudação da paz fazia parte do envio dos discípulos, assim também ela faz parte de seu próprio envio.


Evangelização é, portanto, inicialmente compreendida como uma atividade ad extra, um dirigir-se ao povo. Dentro desta compreensão, podemos interpretar os dois ou três envios ou missões dos primeiros companheiros, antes mesmo da aprovação da regra:


a) Quando eles eram quatro: Francisco e Egídio foram à Marca de Ancona, os outros dois ficaram (4). Francisco não pregava ao povo, mas apenas exortava os homens e mulheres a fazerem penitências (5).


b) Quando eram seis: O envio é proposto como sua vocação: "Consideremos, irmãos caríssimos, a nossa vocação, porque Deus misericordiosamente nos chamou não somente para a nossa utilidade, mas também para a utilidade e salvação de muitos" (6). Eles anunciavam a paz em suas pregações(7).


c) Quando eram oito: No envio constava explicitamente o anúncio da paz: "Ide, caríssimos, dois a dois pelas diversas partes do mundo, anunciando aos homens a paz!” (8).

Um conceito de evangelização, que inicialmente se identificava com a atividade ad extra de pregar o reino, a penitência e a paz, começa muito cedo a alargar-se em compreensão. O anúncio exigia uma coerência de vida por parte dos evangelizadores. Quem prega o Evangelho é convocado à coerência, isto é, a colocar em prática, a fazer a experiência, a viver os valores que proclama com a voz.

É digno de nota que, após as primeiras missões evangelizadoras, quando se tratava de colocar por escrito numa regra essa vocação dada pelo Senhor, a vocação dos frades menores não foi expressa em termos de pregação ou de anúncio do Evangelho ou do reino, mas em termos de vida, de viver. Deste modo, já na primitiva regra apresentada a Inocêncio III para a aprovação, a vocação dos frades menores vem assim explicitada: Esta é a vida do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo que Frei Francisco pediu ao senhor papa ... (9). Evangelizar é pregar e proclamar, mas é também fundamentalmente viver os valores evangélicos proclamados.

Assim, é dentro da compreensão da coerência entre a proclamação e a vida que se entende a exortação de Francisco, quando enviava os frades em missão evangelizadora: "Assim como proclamais a paz com a boca, assim em maior medida tenhais em vossos corações a paz, para que ninguém por meio de vós seja provocado à ira e ao escândalo; mas todos, por meio de vossa paz e mansidão, sejam novamente chamados à paz e à benignidade" (10).

Detalhes preciosos da Regra mostram a compreensão ampla do conceito de evangelização. Ao tratar do modo como devem os irmãos ir pelo mundo, Francisco não ensina o que devem pregar, mas o modo de comportar-se que convém ao evangelizador: "Aconselho, todavia, admoesto e exorto a meus irmãos no Senhor Jesus Cristo que, quando vão pelo mundo, não discutam nem alterquem com palavras (cf. Tm 2,14) nem julguem os outros; mas sejam mansos, pacíficos e modestos, brandos e humildes, falando a todos honestamente, como convém. E não devem andar a cavalo, a não ser que sejam obrigados por manifesta necessidade ou por enfermidade. Em qualquer casa em que entrarem, digam primeiramente: Paz a esta casa (cf. Lc 10,5). E, segundo o santo Evangelho, seja-lhes permitido comer de todos os alimentos que forem colocados diante deles (cf. Lc 10,8)” (11).


Não nos passe despercebida a ressonância do texto do envio (Lc 10) que está sempre como pano de fundo da vocação dos frades menores. Presente e indissociável sempre a proclamação da paz, porque não existe uma evangelização sem a proposta de paz. Aliás, todas as atitudes que Francisco propõe são a própria proclamação da paz com o modo de viver. Em outras palavras, a vida dos irmãos devia ser o anúncio vivo do Evangelho da paz: em formulação negativa: não discutam nem alterquem nem julguem os outros; em formulação positiva: sejam mansos, pacíficos e modestos, brandos e humildes, falando a todos honestamente como convém ... e digam "paz a esta casa".


No confronto com as autoridades eclesiásticas constituídas, os novos evangelizadores (os que proclamam o Evangelho com a palavra e com a vida) só serão verdadeiros evangelizadores, se mantiverem a paz no coração:

"E embora quisesse que [seus] filhos vivessem a paz com todos os homens (cf. Rm 12,18) e se apresentassem a todos como pequeninos, no entanto, ensinou-os pela palavra e mostrou pelo exemplo a serem humildes, mormente com relação aos clérigos. Dizia, pois: 'Fomos enviados em auxílio (cf. Sl 69,2; Dn 10,13) dos clérigos para a salvação das almas (cf. 1 Pd 1,9) ... Sabei, irmãos - disse -, que a Deus é muito agradável o fruto das almas (cf. Sb 3,13) e que isto se pode conseguir melhor com a paz do que com a discórdia dos clérigos ... Se fordes filhos da paz (cf. Lc 10,6), havereis de lucrar o clero e o povo para o Senhor, o que o Senhor julga mais agradável do que lucrar só o povo, [depois de ter] escandalizado o c1ero” (12).

No fundo desta exortação está a seguinte compreensão: a evangelização (pela palavra ou pela vida) somente será eficaz, se for, ao mesmo tempo, anúncio de paz. Uma evangelização desvinculada da paz não é evangelização. A verdadeira evangelização é necessariamente proposta de paz.

Igualmente precioso é o modo de os irmãos irem para o meio dos sarracenos e de outros que não têm a fé cristã. Francisco prescreve dois modos de evangelização: a evangelização pelo modo de vida (a própria vida é o anúncio) e a evangelização pelo anúncio explícito (pela palavra). Novamente as exortações de Francisco para o primeiro modo de evangelização são propostas de paz (e toda proposta de paz é proposta do reino): "não litiguem nem porfiem, mas sejam submissos a toda criatura humana por causa de Deus e confessem que são cristãos” (13).

O fato de confessarem que são cristãos é, freqüentes vezes, interpretado como coragem de apresentar-se ao martírio, pois o fato de confessar-se cristão entre os sarracenos, devido à inimizade existente entre cristãos e sarracenos, era interpretado como uma oferta do pescoço à espada (14). Não vemos, porém, esta interpretação como o sentido primeiro. O confessar-se cristão seria, segundo nossa maneira de interpretar, uma forma de dizer: "Estes valores que estamos vivendo são simplesmente o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo". Portanto, no confessar-se cristão, está contido fundamentalmente um modo de evangelizar. Apenas secundariamente, poderia ter o sentido de disposição ao martírio.

Percebe-se, então, que o conceito de evangelização, inicialmente interpretado por pregação, evolui para uma compreensão mais abrangente que envolve não apenas o anúncio pela palavra (pregação), mas também a proclamação pelo modo evangélico de viver. A paz, por identificar-se com a própria evangelização, também não é somente algo que pregamos ou propomos aos outros, mas antes um valor evangélico que coerentemente procuramos cultivar no coração.

3. Tratados de paz: formas concretas de evangelização (força política da evangelização)
A crônica de um frade dominicano chamado Tomás de Spalato traz, entre seus relatos, um episódio muito significativo para compreendermos a evangelização de Francisco. Corria o ano de 1222. Tomás de Spalato, estudante que morava no Studium em Bolonha, teve oportunidade de ouvir uma pregação de Francisco. Limitemo-nos a citar apenas o que no momento nos interessa. Assim ele escreveu:


"Na verdade, todo o tema de suas palavras visava a extinguir as inimizades e a reformar os pactos de paz. O seu hábito era sujo, a pessoa desprezível, e a face sem beleza; mas Deus conferiu tanta eficácia às suas palavras que muitas famílias dos nobres, entre as quais o furor desumano de antigas inimizades eclodira em muito derramamento de sangue, foram levadas de novo ao pacto de paz" (15).

A primeira coisa que se deduz deste breve relato é que a preocupação de Francisco pela paz era uma constante em sua vida. O anúncio da paz não era algo dos inícios de sua vocação, mas acompanhava a evangelização de Francisco ao longo de sua história. E nem podia ser diferente, pois anunciar a paz para ele era anunciar o reino e vice-versa. De novo, convém salientar que a paz não é apenas um tema entre outros da evangelização, mas é a própria evangelização. E a evangelização só é verdadeira evangelização, se anunciar e visar à construção da paz.


Outro elemento digno de nota é que as palavras de Francisco visavam "extinguir as inimizades e reformar os pactos de paz". Tratava-se de um problema muito concreto, o das inimizades e guerras entre famílias. Evangelizar não é abstração, mas é confrontar-se com problemas concretos, é inserir-se em contextos históricos e aí apresentar o Evangelho como opção ou alternativa para situações que parecem insolúveis. Nesse confronto e inserção, evangelização significa deixar que o Evangelho ilumine as pessoas e coisas envolvidas. O Evangelho é que ilumina tudo e convoca todos à conversão (e à paz).

Após a pregação de Francisco, "muitas famílias foram levadas de novo ao pacto de paz". Deu-se, portanto, uma transformação na vida da cidade. Embora a evangelização não se identifique com nenhuma política partidária, no entanto, ela é profundamente política, tem forte incidência na vida e na organização da sociedade, pois ela apresenta aos cidadãos os valores fundamentais da pessoa humana, valores que muitas vezes estão encobertos, como pequena brasa sob uma montanha de cinzas. Evangelizar é explicitar os valores humanos escondidos no fundo dos corações, é fazer brilhar os pequenos focos do Evangelho presentes, mas não percebidos, no íntimo de cada um em forma de desejo, de anseio, de sonho, de utopia, de esperança.


As Fontes Franciscanas apresentam outros episódios em que Francisco, exercendo sua tarefa de evangelizador, provocava os habitantes das cidades ao pacto de paz. Além de Bolonha, são conhecidos os casos de Arezzo (16) e de Sena (17). Mas parece que os pactos entre famílias eram constantes. A Legenda dos Três Companheiros apresenta-os como um fenômeno generalizado:

"Portanto, o homem de Deus, Francisco, subitamente transbordante do espírito dos profetas [ ... ], segundo a palavra profética, anunciava a paz, pregava a salvação (cf. Is 52,7), e muitos, que por viverem na discórdia estavam distantes da salvação de Cristo, pelas salutares admoestações dele se coligavam [em aliança de paz]" (18).

A evangelização (o Evangelho) tem, portanto, força política para transformar a realidade, mesmo que ela não se identifique com a política partidária. Fique bem claro que, ao fazermos esta afirmação não queremos despolitizá-la; pelo contrário, queremos apontar exatamente onde reside sua força política transformadora.

4. A visita ao Sultão: em vez de proselitismo, uma proposta de paz (tolerância religiosa, tolerância com o diferente, tolerância com outras culturas)
Em vários textos, desde a Primeira Vida escrita por Tomás de Celano (1 Cel) até Fioretti, encontramos o relato da ida de Francisco ao Sultão dos sarracenos (l9). Além desses textos, existe documentação em outros textos, que não estão incluídos nas nossas Fontes Franciscanas e Clarianas: Bernardo Tesoureiro, História de Eráclio, Crônica da Dinamarca. Portanto, parece fora de dúvida que Francisco tenha ido, de fato, fazer uma visita ao Sultão. Além de algumas diferenças de detalhes nas diversas redações, o enfoque também varia. Por exemplo, na redação de Atos e de Fioretti, a introdução de uma mulher que tentava seduzir Francisco destaca a castidade heróica de Francisco. A recusa de presentes é uma constante. Todos afirmam também que Francisco se dirigiu ao Sultão para convertê-lo à fé cristã. Por isso, no final das narrativas permanece um sabor amargo de fracasso, um certo desapontamento. Alguns tentam disfarçar esse fracasso, acrescentando que o Sultão pediu que Francisco rezasse por ele para que ele abraçasse a verdadeira fé. Outros acrescentam até a conversão milagrosa do sultão por intercessão de Francisco (20).

Preferimos uma outra leitura dos fatos. Pelo que deduzimos da evangelização desenvolvida por Francisco, que levava o povo em guerra a pactos de paz, a intenção dele ao visitar o Sultão deve ter tido essa finalidade concreta: Uma proposta de paz que ele fazia em nome não dos reis do Ocidente Cristão, nem mesmo do papa, mas em nome do Evangelho. Evangelização, sem dúvida, mas de maneira muito concreta, na forma de uma proposta de paz. Sem intenções de proselitismo. Sem a intenção primeira do martírio, embora Francisco tivesse a coragem de enfrentar também o martírio.

De sua parte, os biógrafos contemporâneos de Francisco não podiam ter outra ótica, a não ser a do proselitismo e a do martírio. Converter o Sultão, converter os muçulmanos ao cristianismo, ou melhor, ao regime de cristandade, teria sido a grande meta de Francisco. Quanto ao desejo do martírio, criou-se uma mentalidade entre os cristãos de que o sarraceno, além de ser o inimigo da fé, era também o ser mais cruel sobre a face da terra, pronto a degolar o cristão pelo simples fato de ser cristão. Na mente do povo cristão criou-se uma verdadeira neurose de guerra contra os sarracenos. Matar o sarraceno era ser herói de Cristo; morrer nas mãos do sarraceno era ser martirizado por Cristo. Toda a Europa respirava este ar.

Mas as circunstâncias levam-nos a deduzir que a meta concreta que Francisco queria atingir era um tratado de paz, como já havia feito em algumas cidades e entre algumas facções por onde ele passava. O que deve ter causado grande admiração em Francisco era o fato de toda a cristandade estar envolvida numa guerra. E ninguém, nem da Igreja nem dos governos da Europa, propunha uma alternativa. Parafraseando o que Francisco disse a respeito da inimizade entre o bispo e o podestà de Assis, ele deve ter pensado a respeito da inimizade entre cristãos e sarracenos: "É grande vergonha para nós, servos de Deus, que ninguém se intrometa para tratar da paz e concórdia com eles" (21).

A atitude de não proselitismo comporta acima de tudo tolerância para com outras religiões. No fundo, é aceitar que o outro seja diferente, pense diferentemente e possa agir diferentemente. Ser diferente não é defeito. O fato de ser diferente não coloca ninguém sobre ou sob os outros. Isto é a base para qualquer diálogo, ecumênico, inter-religioso, intercultural. O diálogo cria laços.

Consta em todos os relatos que o Sultão e Francisco estreitaram entre si laços de estima, respeito e amizade.

5. A saudação da paz (fraternidade) - construir a paz a partir das pequenas coisas
No Testamento, Francisco faz alusão à saudação da paz como algo revelado por Deus. Note-se que a saudação da paz já consta no texto do envio. A Compilação de Assis narra um episódio interessante:
" ... nos primórdios da religião, quando o bem-aventurado Francisco andava com um irmão que foi um dos doze primeiros irmãos, esse irmão saudava os homens e as mulheres pelo caminho e aqueles que estavam nos campos, dizendo: 'O Senhor vos dê a paz' (cf. Nm 6,26; 2Ts 3,16). E porque os homens ainda não haviam ouvido tal tipo de saudação ser dita por religioso algum, disto muito se admiravam. Mais ainda, alguns homens, quase com indignação, lhes diziam: 'o que lhe significa esta saudação (cf. Lc 1,29)?'. De modo que aquele irmão começou a envergonhar-se muito disso. Por isso, disse ao bem-aventurado Francisco: 'Deixa-me, irmão, dizer outra saudação'. Disse-lhe o bem-aventurado Francisco: 'Deixa-os falarem, porque não percebem o que vem de Deus (cf. 1 Cor 2,14). Mas não te envergonhes disso, porque te digo, irmão, que os nobres e príncipes deste mundo ainda mostrarão reverência a ti e aos outros irmãos por este gênero de saudação" (22).

Francisco está convencido de que a saudação da paz ainda vai fazer com que os príncipes e nobres deste mundo fiquem admirados. Ele crê na grandeza e eficácia desta saudação. No início, aquele irmão não entendeu bem o sentido dela, sentiu vergonha de usá-la, pediu para trocar a saudação. Francisco insistiu nela.

E nós nos perguntamos: "Por que essa insistência de Francisco na pequena saudação?".

Embora Francisco não tivesse tido os conhecimentos da Psicologia moderna desenvolvida a partir de Freud com a "descoberta" do inconsciente, ele mostra uma intuição psicológica muito profunda. Ele conhece o valor formativo da repetição. A repetição age no inconsciente. A repetição de uma palavra ou gesto acaba criando o chamado hábito que, por sua vez, vai como que fornecendo seiva para a vida espiritual. Isto acaba criando uma mentalidade, um modo de pensar, um modo de agir, um modo de ser. Talvez Francisco não tivesse conhecido o provérbio como nós o formulamos hoje: "Água mole em pedra dura tanto bate até que fura". Mas o dinamismo é o mesmo. É a força das coisas pequenas que acabam criando algo grandioso. Usando positivamente a comparação da gota de água, é como as gotas da chuva que nas cavernas formam o estalagmite e o estalactite, criando verdadeiras obras de arte, não de repente num piscar de olhos, mas ao longo dos dias, dos anos e dos séculos. Desse modo, a saudação é capaz de estabelecer relações de amizade, de fraternidade. Começamos a pensar como amigos daqueles que nos desejam paz. Sentimo-nos irmãos deles. E, se nos sentimos amigos e irmãos, a paz já começa a ser construída.


Talvez um erro nosso, de homens modernos, seja o de não acreditarmos na força das coisas pequenas. Precisamos logo de coisas grandiosas, de preferência de coisas ou de eventos que resultem em sucesso internacional. O dia-a-dia, o tijolo por tijolo (como na construção das grandes catedrais) não nos atrai. Somos mais atraídos a fazer belíssimos discursos sobre a paz em nível nacional e internacional, mas não queremos aceitar que a vivência quotidiana da fraternidade é como a areia que entra na argamassa da construção da paz. Bastaria para nós, franciscanos e franciscanas, viver a fraternidade, para sermos construtores da paz. A fraternidade é profundamente evangelizadora. E se é evangelizadora, é proposta de paz para os outros, é convite para que todos vivam em paz, como irmãos. Isso é o reino.

Mas o homem moderno não acredita que viver em fraternidade possa ter força. O moderno precisa de atividades, preferentemente de atividades ad extra. Ele pressupõe que, quando fala de fraternidade ou de paz, ela já as possui, por isso trata de levá-las aos outros que não as possuem. Aí entra Francisco com sua pedagogia: "Assim como proc1amais a paz com a boca, assim em maior medida a tenhais nos vossos corações".

Não é por acaso que Francisco insista e dê preferência à evangelização pelo modo de vida. E Francisco era o próprio Evangelho vivo.

6. A paz entre o bispo e o podestà (dois poderes: minoridade, respeito para com o espaço do outro)
É muito conhecida a contenda entre o bispo e o podestà de Assis. As razões desta contenda não nos são dadas pelas fontes. Sabe-se, no entanto, que se criou uma situação de divisão na cidade: de um lado, os que apoiavam o bispo; de outro lado, os que apoiavam o podestà. Uma miniatura da situação da Itália dividida entre guelfos (partidários do papa) e gibelinos (partidários do imperador alemão). E cada um dos oponentes usou suas próprias armas:


"... o que então era bispo de Assis excomungou o podestà de Assis; pois que, indignado contra ele, o que era podestà mandou apregoar [com voz] forte e cuidadosamente pela cidade de Assis que nenhum homem lhe vendesse ou dele comprasse ou com ele fizesse contrato; e assim, muito se odiavam um ao outro” (23).

Embora não saibamos as causas desta inimizade ou ódio, podemos deduzir que outra coisa não pode ter sido, senão o conflito ou luta entre dois poderes. Não se trata de inimizade entre cristão e sarraceno, mas de ódio entre dois cristãos (24). O texto do Evangelho: "Os chefes das nações as mantêm sob seu poder, e os grandes, sob seu domínio. Não deve ser assim entre vós" (Mt 20,25-26) parece não ter penetrado na alma desses dois chefes cristãos.


É difícil lidar com o poder. E a maneira que Cristo propõe, uma maneira alternativa, ainda não foi suficientemente assimilada por muitos chefes cristãos (de Estado) nem por muitos chefes religiosos cristãos. A cada dia, podemos constatar a veracidade do dito: "O poder e o dinheiro corrompem" .


Ao saber disso, Francisco toma uma atitude inusitada: compõe mais uma estrofe do Cântico do Irmão Sol sobre o perdão e envia dois companheiros para cantá-la diante do bispo e do podestà. O resultado é conhecido de todos: o perdão mútuo, a volta à antiga amizade.
Francisco utiliza a música e a poesia como meios de evangelização. Instrumentos tão frágeis para fazer curvar-se a rigidez de dois homens de poder. O que é frágil Deus utiliza para confundir o que é forte, diz São Paulo na Carta aos Coríntios (cf. 1Cor 1,27). Esta é a força da minoridade.

Fazer-se menor é proposta evangélica de paz. Evangelizar e construir a paz pela minoridade é caminho natural, pois os caminhos de Deus são diferentes dos caminhos dos homens. A força de Deus manifesta-se no que é pequeno, na fragilidade, no ser menor. Muitas vezes, pensamos, como o profeta Elias, que a força da evangelização está na grandiosidade dos planos e atividades. O profeta Elias não viu o Senhor no vento forte e violento que raspava as montanhas e fendia os rochedos, nem no terremoto, nem no fogo. Quando passou a brisa suave, Elias cobriu o rosto, porque Deus estava naquele sopro tênue (cf. 1 Rs 19,11-13). Assim, quem quiser ser forte ou o maior, faça-se o mais frágil e o menor. Esta é a pedagogia de Deus: "Assim deve ser entre vós".

A música e a poesia de Francisco são os exemplos desta minoridade. Quem pensaria que uma música e uma estrofe de poesia pudessem levar os dois gigantes do poder a curvar-se um diante do outro, a chorar e a pedir perdão e a perdoar-se mutuamente, a abraçar-se como dois irmãos?


7. O lobo de Gubbio: parábola sobre a paz (o homem reconciliado, da utopia, do reino)
Uma outra historieta muito conhecida de todos é a do lobo de Gubbio (25). Embora alguns queiram dar historicidade a este episódio (em Gubbio se conta que numa escavação fora encontrada a ossada de um lobo muito grande), a nosso ver, ela deve ser compreendida sob o gênero literário que se chama parábola. Parábola significa que o que é narrado não implica necessariamente em ter acontecido historicamente, mas que contém elementos reais, contém uma verdade que se quer transmitir. Uma leitura deste episódio exige, portanto, um processo de despojamento do texto: despir o texto daquilo que é fictício, da sua roupagem literária, para se chegar ao real, à verdade que a roupagem literária quer comunicar.

Um primeiro elemento a ser destacado é que Francisco vai ao encontro do lobo (26) sem armas. A presença do lobo causou um estado permanente de medo e pânico entre a população, de maneira que todos andavam armados como se fossem para a guerra. Francisco despoja-se das armas, como que a dizer: "Não se promove a paz com as armas". Se alguém deve propor a paz, deve ir desarmado ao encontro do outro, ao encontro do diferente. Esta atitude causou grande admiração ao povo.

Segundo elemento: tendo-se encontrado com o lobo, este veio a Francisco com a boca aberta em sinal de agressividade. Francisco conversa com ele mansamente, pacificamente, sem agressão e sem violência, como menor. Diante da minoridade de Francisco, acalma-se a ferocidade do lobo. Percebendo que Francisco não tinha armas, que era menor, o lobo não viu sentido para sua agressividade, pois, na maioria das vezes, a agressividade é apenas resposta a uma agressão gratuita anteriormente recebida.

Terceiro elemento: Francisco dialoga com o lobo. O diálogo restabelece relações rompidas. E diálogo, é bom notar, é estrada de duas mãos. Francisco falava com o lobo, e o lobo falava com Francisco através de sinais (linguagem que lhe era própria). Diálogo inclui, portanto, esforço por compreender a linguagem do outro. Nesse diálogo, Francisco compreendeu que a situação de fome levava o lobo a matar. Ele leu isto na própria situação do lobo. Compreendeu que muita maldade é cometida, não porque a pessoa seja intrinsecamente má, mas por circunstâncias adversas. Mais ainda: nesse diálogo, Francisco não deixou de recriminar os erros do lobo e de exigir dele uma mudança de atitude, como também depois ele vai exigir o mesmo do povo de Gubbio.


Quarto elemento: Tratado de paz no qual se celebra o compromisso de ambas as partes. Este elemento retrata a maneira concreta de Francisco evangelizar. Evangelizar é encamar Evangelho em situações concretas. Como a situação era de guerras entre cidades e conflitos entre famílias, sua evangelização tinha como finalidade palpável os pactos de paz. Este elemento está muito bem retratado na parábola do lobo de Gubbio.

Quinto e último elemento de nossa consideração: A parábola apresenta Francisco como uma figura utópica do homem reconciliado com toda a criação. Retomando a utopia de Isaías, Francisco é apresentado como a criança que brinca com o animal selvagem, do cordeiro que come com o lobo. Aliás, esta interpretação de Francisco como homem reconciliado já se encontra na primeira biografia, em que Tomás de Celano assim se expressa: "Enfim, chamava todas as criaturas com o nome de irmão e, de maneira eminente e não experimentada por outros, percebia com agudeza as coisas ocultas do coração das criaturas, como quem já tivesse alcançado a liberdade gloriosa dos filhos de Deus” (27).

Portanto, Francisco é interpretado como homem reconciliado, homem da utopia, homem do reino de Deus. A parábola tem esta significação como pano de fundo.


8. OFS: uma política da paz (a decisão pessoal que transforma a sociedade)
O movimento franciscano desdobrou-se rapidamente em três Ordens. Dentre as três Ordens, a Ordem Terceira, hoje conhecida como OFS, tem uma maneira especial de evangelizar: levar o carisma franciscano a todos os ambientes seculares. A secularidade é que dá a nota marcante e distintiva dessa Ordem.


Lamentavelmente, com a OFS aconteceu algo que não devia ter acontecido em termos de engajamento na vida secular. Ela perdeu a força de Ordem e tomou-se, em muitos lugares, uma associação de pessoas piedosas. Como Ordem, ela teve um papel muito importante nos primórdios. Ela foi uma das forças motoras de construção da paz. De fato, a história mostra que a decisão dos chamados terceiros ou terciários de não portar armas, uma decisão de nível pessoal, acabou por provocar uma mudança radical na mentalidade bélica da Idade Média. Quando cada um decide fazer a sua parte, por mais pequenina que possa parecer, algo na sociedade muda. De novo, trata-se de acreditar no pequeno, no frágil. Uma atitude frágil acrescentada a outra atitude frágil pode criar aos poucos um modo de pensar diferente. Tanto isto é verdade sobre a OFS que temos documentos em que os príncipes escreviam aos papas, pedindo que obrigasse os terceiros (terciários) a portarem armas novamente. Eles perceberam que estava acontecendo um verdadeiro desarmamento dos cidadãos. Desarmamento, gesto concreto de construção da paz; decisão pessoal que ajudou a criar toda uma mentalidade de paz.


A OFS, como Ordem franciscana cuja característica é a inserção na secularidade, deveria estar mais presente na vida política e social. E a partir daí ser uma presença evangelizadora e anunciadora da paz. E como é necessária uma presença evangelizadora nesses setores da sociedade! Seria um modo de estar constantemente denunciando a corrupção, o descaso pelo bem comum, o desapreço pela vida dos cidadãos, mormente pela vida dos pobres.


A política partidária é lugar da OFS, pois ela é secular. E sua missão é evangelizar os partidos em vista de um serviço mais evangélico à sociedade, preferencialmente aos pobres.


Conclusão
Santo Antônio afirmava que os pregadores (evangelizadores) são os pés da Igreja. Esperar-se-ia que eles fossem a boca da Igreja. Possivelmente, Antônio se baseou no texto de Isaías: "Como são belos, sobre os montes, os pés do mensageiro que anuncia a paz, do que proclama boas novas e anuncia a salvação, do que diz a Sião: O teu Deus reina" (Is 52,7; cf. Na 2,1). Então, surge a pergunta: Por que os pés e não a boca? Por que também Isaías faz referência aos pés do mensageiro? Porque, para que alguém seja evangelizador, é necessário usar os pés. São os pés que lhe permitem percorrer todos os cantos e recantos das cidades, aldeias e vilas. Aquele que evangeliza, anunciando a paz, não pode estar estático (stabilitas loci), com os pés amarrados, parado num só lugar, mas ir ao encontro das pessoas para transmitir-lhes a mensagem. Não pode esperar que as pessoas venham ao seu encontro, mas ir ao encontro delas. Ser evangelizador (anunciador da paz) implica dinamismo, mobilidade, itinerância (28). Elementos básicos do modo de ser franciscano - segundo nosso parecer - a serem profeticamente resgatados. Na linha da itinerância e da mobilidade dos pés estaria a direção da busca de novas formas de presença evangelizadora por parte dos seguidores de Francisco.

terça-feira, 13 de julho de 2010

O Santíssimo Sacramento - a Santidade extrema a nos visitar

O Santíssimo Sacramento é sol que ilumina nossas vidas, é o onipotência divina da Santíssima Trindade a estar como corpo do próprio redentor, Jesus Cristo. É Jesus, nosso Senhor,Salvador de toda humanidade, a nos visitar com a nossa indigna adoração é ele.
Somente ele, o Divino Sacramentado, tem o poder de nos guiar por seus caminhos, de fazer-nos contemplar a sua presença, que encontramos na hóstia puríssima e dentro de nós.Pois Jesus coloca-se neste momento dentro de nossas almas, apagando todos os pecados, libertando todo o abismo de opróbios.
Ele, o Cordeiro imolado por nós, e enviado pelos céus, aquele que é adorado pelos anjos, pelos santos todos que a ele prclamam um hino eterno de louvor saído do mais profundo do coração.
O poder libertador deste alimento da vida eterna é tão gigantesco que pede-se um grandiosíssima humildade, uma humildade que brote do mais
profundo do coração, como a água que brota da fonte para nos dar de beber, uma humildade que faça-nos ver a nossa pequenez diante de Jesus, tão altíssimo, tão onipotente!É o poder da Santíssima cruz, a cruz redentora, onde foram sepultados todos os nossos pecados, para renascer nesta mesma cruz a vida eterna, esta cruz que transforma por inteiramente nossos corações para os mostrar o caminho dos céus, o caminho da vida eterna.
Quando recebemos este alimento tão grandiosamente sagrado percebemos que nossa vida é inteiramente viver para Jesus Cristo, não para nós pecadores indignos, mas oferecer toda a nossa vivência para o Rei dos céus e da terra, agir como ele nos disse " Quem quiser salvar sua vida irá perde-la e quem quiser perde-la irá salva-la", e neste momento percebemos que é preferível dar a vida ao Redentor Poderoso, do que o deixar para ver as belezas do mundo.Neste momento vemos a força poderosa de Jesus que entra dentro de nosso ser para nos curar de todos os males:

"Ó SANGUE E ÁGUA, QUE JORRASTES DO CORAÇÃO DE JESUS, COMO FONTE DE MISERICÓRDIA PARA NÓS, EU CONFIO EM VÓS!" ( Santa Faustina Kowalska)

sexta-feira, 9 de julho de 2010

A vida como hino em louvor á Jesus

Caríssimos irmãos em Cristo, muitas vezes nossas vidas são passadas como muito rapidamente por medo de tempo que vai-se, ou vida que termina-se.Sabemos nós, que somos á Igreja verdadeira de Cristo, que nossa vida é posta na Terra para ser inteiramente um oferecimento á Jesus.Assim viveram os santos, sem preocuparem-se se iriam ou não ganhar tempo ou perde-lo mas sentindo-se felizes por estar na presença do altíssimo.Santa Cecília, mesmo conhecendo as ameaças terríveis do próprio pai de tirar sua vida, continua tocando canções inteiramente para o Senhor, sem medo algum, pois confiava inteiramente nele.
Devemos fazer de nossas vidas um oferecimento de uma doce canção melodiosa ao bom e eterno Deus.Mesmo nos problemas difíceis que nele confiemos.São Francisco de Assis, mesmo em vida em uma cidade que comportava tanto orgulho, vaidades e tibiezas, soube ser um "instrumento da paz" do Altíssimo.
Santa Teresinha do Menino Jesus escreve em seus manuscritos "Tudo é nada diante do bem-amado", e o bem-amado é Jesus Cristo, e perto dele todo o tempo, toda uma riqueza, todos os problemas do mundo nada são.Para ele , o importanto é o vermos e seguirmos seus exemplos, o amando cada vez mais, até este amor tornar-se tão grande, tão infinito, que nossa alma seja levada nos seus braços com muita paz.
Muitas pessoas oferecem á Jesus canções cheias de rancor, de egoísmo, de maldade, pensando estar Jesus compreendendo toda esta questão, Jesus nos deu seu coração na cruz por isso quis que seu lado fosse aberto ( Santo Antônio), mas precisamos escolher as mais lindas melodias para oferecer á este coração tão grandioso que deu á sua vivência em favor de todos nós.
Como São Franncisco de Assis, devemos fazer uma canção de paz e bem, para assim sermos também instrumentos de tua paz.

Oh Maria, Virgem Imaculada!


Saudamos-te e invocamos-te com as palavras do Anjo: "cheia de graça" (Lc 1, 28), o nome mais bonito, com o qual o próprio Deus te chamou desde a eternidade.
"Cheia de graça" és tu, Maria, repleta do amor divino desde o primeiro momento da tua existência, providencialmente predestinada para ser a Mãe do Redentor, e intimamente associada a Ele no mistério da salvação. Na tua Imaculada Conceição resplandece a vocação dos discípulos de Cristo, chamados a tornar-se, com a sua graça, santos e imaculados no amor (cf. Ef 1, 14). Em ti brilha a dignidade de cada ser humano, que é sempre precioso aos olhos do Criador. Quem para ti dirige o olhar, ó Mãe Toda Santa, não perde a serenidade, por muito difíceis que sejam as provas da vida. Mesmo se é triste a experiência do pecado, que deturpa a dignidade dos filhos de Deus, quem a ti recorre redescobre a beleza da verdade e do amor, e reencontra o caminho que conduz à casa do Pai."Cheia de graça" és tu, Maria, que aceitando com o teu "sim" os projetos do Criador, nos abristes o caminho da salvação. Na tua escola, ensina-nos a pronunciar também nós o nosso "sim" à vontade do Senhor. Um "sim" que se une ao teu "sim" sem reservas e sem sombras, do qual o Pai celeste quis precisar para gerar o Homem novo, Cristo, único Salvador do mundo e da história.Dá-nos a coragem de dizer "não" aos enganos do poder, do dinheiro, do prazer; aos lucros desonestos, à corrupção e à hipocrisia, ao egoísmo e à violência. "Não" ao Maligno, príncipe enganador deste mundo. "Sim" a Cristo, que destrói o poder do mal com a omnipotência do amor.Nós sabemos que só corações convertidos ao Amor, que é Deus, podem construir um futuro para todos."Cheia de graça" és tu, Maria! O teu nome é para todas as gerações penhor de esperança certa. Sim! Porque, (...), Tu "és fonte viva de esperança" (Par., XXXIII, 12). A esta fonte, à nascente do teu Coração imaculado, voltamos mais uma vez peregrinos confiantes para haurir fé e conforto, alegria e amor, segurança e paz Virgem "cheia de graça", mostra-te terna e solícita aos habitantes desta tua cidade, para que o autêntico espírito evangélico anime e oriente os seus comportamentos; mostra-te Mãe e vigilante guarda (...) da Europa, para que das antigas raízes cristãs os povos saibam tirar nova linfa para construir o seu presente e o seu futuro; mostra-te Mãe providente e misericordiosa do mundo inteiro, para que, no respeito da dignidade humana e no repúdio de qualquer forma de violência e de exploração, sejam lançadas as bases firmes para a civilização do amor. Mostra-te Mãe especialmente de quantos têm mais necessidade: os indefesos, os marginalizados e os excluídos, as vítimas de uma sociedade que com muita frequência sacrifica o homem a outras finalidades e interesses.Mostra-te Mãe de todos, ó Maria, e dá-nos Cristo, a esperança do mundo! "Monstra Te esse Matrem", ó Virgem Imaculada, cheia de Graça! Amém!
Bento XVI - Solenidade da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria ,Praça de Espanha, Sexta-feira, 8 de Dezembro de 2006

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Seguir Jesus Cristo como São Francisco




Engana-se quem pensa que Francisco tenha na origem do seu projeto de vida intencionado criar ou fundar uma Ordem. Não! O que fermentava nele e o que norteou seus primeiros passos foi a vivência pura e simples do Evangelho, cuja força inicial deste ideal escondia-se no apelo “Vem e segue-me”.O pobre de Assis opta, pois, por uma forma de vida, em cujo espaço cada irmão pudesse livremente viver segundo o Espírito do Senhor, sendo este, lugar privilegiado de acolhimento para melhor seguir o Mestre.Assim, a partir desta visão começa uma vida de seguimento do Cristo pobre, humilde e crucificado onde o dinamismo encontrar-se-ia no despojamento e na pobreza, cujo vigor seria a renúncia do mundo e dos bens, desfazendo-se de falsas seguranças e destarte pôr-se a caminho, seguindo a mesma direção do Cristo, direcionando sua missão. Este peregrinar culminaria no Alverne, como o peregrinar de Cristo culminou na Cruz e na Ressurreição.Este foi o anseio acalentado por Francisco de seguir, ao longo da vida, os passos do Crucificado, fazendo dele o centro de suas buscas, no desejo de perfeição. Este intento deve ter sido confirmado e consolidado pela passagem bíblica de 1Ped 2,21: “Foste chamado para seguir os passos do Senhor”.Francisco, no seguimento do Senhor, jamais cogitara em fundar uma Ordem, mas simplesmente viver um projeto tal para melhor assemelhar-se ao Cristo.O surgimento de uma nova família religiosa não foi senão conseqüência desta sua caminhada de fé.Francisco foi atraído e arrastado pela “humildade patente da Encarnação e pelo amor ardente da Paixão” 1C84. Assim, sente-se tanto envolvido pelo Cristo do Presépio como pelo Cristo da Cruz. Nesta sua vocação fez a experiência do sofrimento do Senhor, sofrimento impresso no seu corpo pelos estigmas, revivendo o mistério pascal.Encarnar o seguimento do Cristo é também encarnar seus padecimentos. Assim, andar nas pegadas do nazareno é palmilhar um caminho dinâmico, purificador e transformador.Neste seguimento, a misericórdia divina se expande sobre os seguidores como o fogo do Espírito, a ponto de exclamar nosso pai Francisco: “Somos interiormente purificados, iluminados e abrasados pelo fogo do Espírito que nos purifica, podendo nós seguir os passos de teu Filho e mediante a sua graça, chegar até a ti, ó Altíssimo”.O caminho do Cristo foi o caminho amado por Francisco!

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Venerável Maria de Jesus de Ágreda, uma história de fé, muita esperança e caridade



Caríssimos irmãos em Cristo, temos exemplos de vidas santificadas com Jesus em todos os lugares.Há sempre, e graças ao Bom Deus, aqueles que ainda buscam viver em suma santidade sem ofender á nada Nosso Senhor Jesus Cristo, Maria de Águeda foi uma destas almas.Sua vivência plena em Jesus e em Maria a mãe dileta que tanto amava foi o que a fez mover os passos de sua tão curta vida.
Nascida em uma numerosa família de onze filhos, sendo ela a mais jovem, não descobrira ainda a vocação na tenra infância, mas a descobriu quando já completara 12 anos.Ao ouvir o chamado do Senhor, buscou muitas congregações, encontrou á Congregação das Irmãs Carmelitas Descalças, e já havia marcado seu ingresso, porém, sua mãe teve uma surpreendente revelação: Jesus á disse que a família deveria transformar sua belíssima casa em um Mosteiro, onde haveriam de ingressar a mãe e as filhas, enquanto o pai e os filhos moços iriam ingressar na Ordem Franciscana.
Após tais revelações,disse a mãe á jovem Maria,que logo tratou de preparam a casa o mais breve possível para ser um Mosteiro.Foi construída uma pequena capela, e a clausura dentro da antiga casa, o pai e os filhos despediram-se e rumaram á um convento franciscano.Mas agora Maria, sua mãe suas irmãs muito surpresas ficaram, pois não saberiam dizer qual congregação aquele mosteiro ocuparia.Mas Jesus disse á jovem Maria "Faz daqui um Mosteiro da Ordem da Imaculada Conceição", e assim a fizeram.
Logo após muitas cartas enviadas para Mosteiros da Ordem da Imaculada Conceição em toda a Espanha, vieram muitas monjas, que muito felizes ficaram ao se estabelecerem em um Mosteiro com tanta presença do Santo Evangelho.Maria após o estudo para tornar-se religiosa, tomou o hábito santo aos 16 anos, tomando o nome de Irmã Maria de Jesus de Ágreda ( pois a cidade chamava-se Ágreda).
Porém, logo após sua tomada de hábito, começaram a surgir fenômenos dos quais nunca antes haviam acontecido com á jovem, tais como: visões de Maria Santíssima, passagem de dois lugares ao mesmo tempo, êxtase total e completo, ela mesmo descreve tais revelações:
“E chegou minha infelicidade – escreve Irmã Maria – a que depois de comungar me colocaram o véu e me viram alguns seculares. E como isto, de arroubous, faz no mundo imprudente tanto barulho, estendeu-se e passou adiante a publicidade; as superioras que haviam, eram amicíssimas destas exterioridades e foram se empenhando com uns e outros seculares; por haver concedido a alguns, não se lhes negavam a outros.
“Deu-me aviso disto um enfermo, aflito, que veio ao convento me ver, o que para mim foi tão fatigante, minha amargura e dor foram tais, que fiz voto de não receber a Nosso Senhor sem fechar-me na comungatória. Pedi um cadeado e me fechei; e o podia fazer porque só comungava pelas muitas enfermidades que eu tinha. Outras vezes, que me tiravam a chave, bebia xarope ou medicamentos para que não me obrigassem a receber Nosso Senhor, julgando melhor carecer deste consolo, que submeter-me a tão grande imprudência, como mostrar-me a todos os que concorriam que, só de ouvir o barulho deles, me desmaiava; repreendiam-me asperamente e me imputavam desobediência e, para obedecer, me rendia".
Porém as irmãs superioras ao verem tais fenômenos,pensaram estar á jovem Irmã provocando falsos fenômenos para chamar á atenção, por isso á trancavam todos os dias em sua cela, esperando que lá não tivesse como ocorrer-lhe tais coisas.Mas justamente em sua humilde cela, enquanto trancafiada, ela tinha as revelações mais belas de sua doce mãe, Nossa Senhora da Imaculada Conceição, que lhe ditava todos os dias um livro do qual ela deveria chamar "A mística cidade de Deus".
Após alguns anos vieram novas monjas, e encantadas com tal exemplo de vivência á exemplo de Maria Santíssima encontrada na Irmã Maria de Jesus de Ágreda, quiseram fazê-la Abadessa, sendo que a qual não podia, pois nem ainda 25 anos tinha.Mas após completa-los aceitou com muito humildade o cargo, ensinando ás irmãs tudo o que Maria e Jesus a mandavam ensinar.Devido ás suas visões quase foi decapitada por inquisição.
Depois de muitos anos de vivência em mais pura santidade foi para os braços de Jesus Cristo.Sendo depois proclamada Serva de Deus, Bem-Aventurada e hoje é Venerável, faltando apenas dois passos para sua canonização, que ainda não ocorreu devido á pesquisas que a acusam muito injustamente.Mas Jesus a irá dar a glória da santidade, seu corpo desde sua morte terrena está incorrupto, e pode ser visto no Mosteiro das Irmãs Concepcionistas de Ágreda.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Maria visita a minha casa




A iluminante verdade da visitação de Maria a nos inspira cada vez mais a viver a visitar seu coração, assim como ela visitou o coração de Santa Isabel, e do grande pregador, São João Batista, ainda não nascido.
Maria nos visita todos os dias em nossos corações, mas é preciso também sentirmos o seu visitar, para isso há o envio de capelinhas á visitar as casas católicas, os movimentos de rosários, os grupos de meditação e reflexão ( como a Legião de Maria, ou a Pia União das Filhas de Maria com o apoio de Santa Inês).Mas quando Maira visitou esta sua prima, foi tanta a alegria ao ver e ouvir á mãe do Senhor, que disse ela " Como mereço que a mãe do meu Senhor venha me visitar?", e para saudar á esta sua prima, tão cheia de graça, disse á ela: "Bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto de vosso ventre,Jesus", tamanha era a alegria de Isabel.
Até mesmo nos dias em que vivemos Maria continua á bater na porta de nossas casas,á sorrir no caminho de sua rua, ou á caminhar pelo seu bairro.Na Alemanha, no alto tirol, existia uma jovem menina que também assim pensava, seu nome era Rosina.Muito devota de Maria, tudo fazia para agradar á esta sua Mãe tão gloriosa, Nossa Senhora conhecia seu coração perfeitamente e sabia o quanto aquela jovem gostaria de sua visita, assim como ela visitara á Santa Isabel.
Em um dia com muitas chuvas, á jovem estava á bordar á beira da janela, virada de costas, com o bastidor, a linha e a agulha nas mãos.De repente, ouviu os ruídos do vento no meio da tarde, e de ouvidos atentos continuou.Então, sentiu em suas costas um vento muitíssimo gelado, sendo que a janela fechada estava, e ao olha para a janela, sentiu em seu coração que Maria queria que olhasse ela para o alto da janela.Qual foi tamanha admiração de Rosita, quando viu estampado no vidro a face da Virgem Maria (acima da página podemos ver esta imagem), muitíssimo admirada chamou sua mãe, que chorou muitoao ver tamanha aparição.Chamou imediatamente o Padre da região, que ao ver a imagem no vidro, nada pôde falar, tamanho foi seu espanto.
O vidro da janela, com a imagem de Maria Santíssima foi retirado com muito zelo por diversos cardeais e bispos, que o emolduraram e o colocaram em um Santuário, o qual deram o nome de Santuário de Nossa Senhora de Absam, pois a cidade de tal aparição chama-se Absam.Ainda hoje, mais de 200 anos passaram-se , e diversos peregrinos chegam ao Santuário para contemplar o rosto de Maria gloriosa a visitar sua filha.